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Copa terá a (quase) final das finais

Linha fina
Faltou o Brasil, mas Alemanha e Argentina decidem o impossível: ver o que ou quem é o grande vencedor da Copa das Copas. Perdedor, não haverá
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São Paulo - Tudo bem, faltou o Brasil. Mas a final que será disputada no maior templo do futebol mundial será a apoteose da maior Copa do Mundo de todos os tempos. A mistura de preparação e magia alemã contra nada menos do que Argentina capitaneada pelo maior jogador de bola das últimas décadas. Serão cinco títulos em campo. Ninguém merece perder.

A Alemanha começou a forjar essa máquina há anos. Nasceu mais ou menos em 2004, após péssima campanha na Euro de 2000 e a derrota para o Brasil na Copa de 2002. De lá para cá, perdeu três Euros e ainda experimentou o dissabor de ser eliminada em uma seminfinal de Copa em casa, em 2006. Quatro anos mais tarde, na África, já mostrava força e hoje estão na ponta dos cascos. Muller, Podolski, Schweinsteiger e cia mostram-se tão prontos, seguros, que parecem estar aqui meio à passeio, sobrando em leveza e simpatia fora de campo. Dentro, nem precisa lembrar do que são capazes. Merecem ficar sem a taça?

Os argentinos não chegavam à uma semifinal desde 1990. Assim que Messi começou a jogar na seleção a mesma bola do Barcelona, superaram décadas de papel coadjuvante e devem jogar "em casa". Sim, o Maraca deve voltar a ficar azul. Como achar que o maior gênio da bola dos últimos tempo não merece ganhar uma taça dessas, ainda mais neste contexto?

Quem vence, então? Certamente o futebol. A dita Copa das Copas terá (quase) a final das finais. Quase porque não estaremos em campo.

O torneio merecia esse desfecho. Foi eletrizante. Zebras históricas - não só a Costa rica, tivemos a Argélia, Colômbia e a Grécia rompendo barreiras também - prorrogações com viradas e reviradas, partidas disputadíssimas até o fim das forças dos atletas e do tempo de jogo. Até o Irã empolgou. Não teve bolão que sobrevivesse e o frisson durou o mês inteiro.

Gols e mais gols fizeram da média nos campos nacionais figurarem entre as maiores de todas e, contando as semifinais, já eram 171, cinco a menos do que o recorde da França, de 1998.

E a torcida? Só não supera a maior média de público de todos os tempos, de 94 nos EUA, porque os estádios lá eram bem maiores. A taxa de ocupação beirou os 100% aqui. Isso sem contar os dois últimos jogos, que estarão certamente entupidos, com gente do lado de fora em festa, até porque a confraternização do lado externo dos estádios também foi única.

Não caberiam aqui todos os elogios de jogadores, torcedores e jornalistas de todos os cantos ao clima especial em se jogar bola aqui. Mas, ainda assim, deu para separar alguns, todos dados para o site G1:

"As pessoas aplaudem o pôr do sol. Isso nunca aconteceria nos Estados Unidos", George Woolley, norte-americano, que acrescentou: "O fato de que as pessoas são tão felizes por estarem vivas é algo muito diferente e palpável". "Na praia, os brasileiros ficam de frente para o sol, e não para o mar", citou Florent Garnerot, do Canadá.

"O coração e a alma deste país maravilhoso são os brasileiros. Eles queriam me mostrar tudo e se certificar de que eu tivesse uma boa experiência – e eu certamente tive!", resumiu Joe Bauman, outro dos Estados Unidos. Ele também ficou "impressionado de saber que os adultos são obrigados a votar. Nos Estados Unidos, temos taxas vergonhosamente baixas de comparecimento nas eleições".

"Fiquei surpreso de ver como é rápido fazer amigos aqui", Richard Diaz, do Chile. Do canadense Kyle Dreher: "No Brasil, as pessoas aproveitam mais a vida e o presente que no Canadá". "Quando as pessoas cantam o hino, dá para vê-las chorando, cantando muito alto e com muita emoção", Luka Jesih, da Eslovênia.

"Fomos tão bem recebidos em Cuiabá, que isso me marcou. Você perguntava algo e te indicavam tudo, te convidavam para churrascos", Rodrigo Escobar Rebolledo, do Chile.

"Ficamos surpresos de ver como tudo foi bem organizado. O ônibus para o estádio, as informações para o aeroporto, tudo funcionou muito bem", disse Lukas Bärtschi, da Suíça. "Muita gente se esforçava para falar inglês. Quando estive no Brasil antes, há seis anos, ninguém falava nem uma palavra", completou.

Em números, quase 40% dos jornalistas, segundo pesquisa do UOL, disseram que é a maior Copa de todas. Aqui, quem tomou a lavada foram os alemães, com menos de 20%, na segunda colocação. Houve até especialista lembrando que nossa organização deu um show nos PhDs em eventos, os ingleses e sua Olimpíada de 2012.

Ah, mas faltará o Brasil no domingo, vai apertar o coração. Certamente. Uma pena a conhecida "trapaça" da bola que nos pegou de jeito bem aqui em casa. Todo o torcedor de verdade já sentiu o "desastre" com seu time de coração. Sabemos que faz parte. Fazer o que? Encolher? Jamais! Argentinos e alemães vão se sentir honrados de protagozinarem a (quase) final das finais. Brasileiros, é hora de limpar a lágrima, aproveitar o momento que se apresentou no esporte onde somos referência e viver a história. Aplaudir, ao final, vencedores e vencidos e estufar o peito por ter vivido como grande protagonista a maior copa de todos os tempos.


André Rossi - 11/7/2014

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