Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Artigo

O Banco Central é independente do mercado financeiro?

Imagem Destaque
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato, veste uma blusa rosa e um blaser preto

Estamos vivendo o que o movimento sindical já previa: com a autonomia do Banco Central (BC), o governo tem enormes dificuldades em fazer política fiscal e em implementar uma política monetária, pois tem de conviver com um BC comprometido com o projeto político anterior, derrotado nas urnas.

Nos últimos dias, por falta de ação do BC, em um claro boicote, o dólar disparou e chegou a R$ 5,65. O presidente do BC, Roberto Campos, foi acusado de fazer uma política monetária “terrorista”, com o objetivo de provocar a desvalorização, estimular a inflação e forçar uma nova alta dos juros para sabotar o governo de Lula.

“A autoridade monetária segue o princípio do câmbio flutuante e não vai intervir no mercado mirando uma cotação do dólar ante o real”, disse o presidente do BC em coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), no final do mês passado.

Desde 2021, o BC adota uma política monetária que mantém elevada a taxa básica de juros. Naquele ano, o Copom iniciou uma série de aumentos da Selic, que saltou de 2% para 13,75%, percentual mantido de agosto de 2022 até agosto deste ano, quando, após intensa pressão dos movimentos sindical e sociais, houve redução de 0,5 p.p. da Selic, que ficou em 13,25%.

Com a alta da Selic, no mês de junho, o presidente Lula voltou a criticar a taxa de juros a 10,5%: “É irreal para uma inflação de 4%. É isso. Agora, eu não sou do Conselho Monetário Nacional, eu não sou diretor do Banco Central. Isso vai poder melhorar quando eu puder indicar o presidente, que vai para o Senado, e a gente vai construir uma nova filosofia (…) O presidente da República não pode ficar brigando com o presidente do Banco Central porque ele foi escolhido pelo governo anterior. Mas é importante lembrar que ele foi escolhido pelo governo anterior, que ele pensa ideologicamente igual ao governo anterior, e que eu acho que ele não está fazendo o que deveria ter feito corretamente", declarou Lula em entrevista.

A quem interessa essa política de juros?

Sondagem do Dieese mostrou que, cada ponto percentual na taxa Selic significa um aumento do custo anual da dívida pública de cerca de R$ 38 bilhões.

Na prática, manter os juros altos prejudica o investimento do Estado em áreas essenciais como infraestrutura, saúde e educação, trava os investimentos no setor produtivo e a geração de emprego e renda; e só beneficia, em sua maioria, instituições financeiras, que são as maiores detentoras dos títulos da dívida pública.

O comprometimento do governo, como o próprio presidente Lula disse, é com os mais pobres e não com o rentismo de banqueiros.

seja socio