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Casa grande e senzala no Bradesco gera protesto

Linha fina
Denúncias de assédio moral levam Sindicato a expor postura desrespeitosa de gestor que trata seus subordinados como escravos
Imagem Destaque
São Paulo – Um gestor que trata seus subordinados como escravos, com direito a maus tratos e exploração da força de trabalho, levou o Sindicato a organizar uma sardinhada em frente à agência regional Tucuruvi, na terça-feira 30. O protesto foi motivado por uma série de denúncias de bancários.

“Ele grita com os funcionários, xinga na frente dos clientes. Em relação às vendas, age com mão de ferro, comete muito assédio para fazer com que as pessoas passem a produzir cada vez mais, não mede esforços para conseguir bater as metas, é o tipo que quer ter razão em tudo, não escuta as pessoas”, relata um bancário que já trabalhou com o gestor.

Sardinhada é uma forma irreverente utilizada pelo Sindicato para denunciar casos de assédio moral. Um churrasco de sardinha – conhecido pelo forte aroma que a fumaça do peixe produz – é realizado em frente ao prédio onde o assediador trabalha. A comida é distribuída à população enquanto dirigentes denunciam, por meio de um carro de som, os abusos.

“Gestor bom é aquele que lidera pelo respeito e não pelo medo e opressão”, salienta Marcos Amaral, o Marquinhos, dirigente sindical e bancário do Bradesco. “Reivindicamos que as metas sejam cobradas de forma respeitosa, possíveis de serem alcançadas e discutidas de comum acordo entre gestor e funcionário, ao invés de serem impostas de cima para baixo, e muitas vezes impossíveis de serem batidas, como ocorre na realidade” acrescenta.

Casa grande – Casa-Grande & Senzala é um livro do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre publicado em 1933. Na opinião de Freyre, a arquitetura da casa grande expressaria o modo de organização social e política do Brasil, o patriarcalismo, no qual, o patriarca, proprietário da terra, é considerado dono de tudo que nela se encontrasse: escravos, parentes, filhos, esposa, amantes, padres, políticos.

“É possível traçar um paralelo entre a casa grande observada por Freyre e a forma organizacional dos bancos, que tratam os empregados como se fossem propriedade, mera força de trabalho, quando impõem metas absurdas para alcançar seus lucros altíssimos”, opina Marquinhos.

“Essa gestão organizacional, aplicada de forma vertical, de cima para baixo, prejudica toda a cadeia de trabalho e gera um ambiente profissional insalubre no qual o adoecimento ocasionado pela pressão para o cumprimento de resultados é cada vez mais comum”, critica o dirigente.

O Sindicato mantém canal de denúncia contra o assédio moral. Para efetuar uma queixa, o bancários deve ligar para o 3188-5200 ou acessar aqui. O Sindicato irá apurar e o sigilo do denunciante é absoluto.


Rodolfo Wrolli – 31/8/2016 
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