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Funcionários obrigados a reverenciar clientes

Linha fina
Funcionários da Rede SP Sul do Santander têm de usar chapéus e fazer reverências a quem entra na agência, forma equivocada de “agradar”, e segura de constranger bancários
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São Paulo – O Sindicato recebeu diversas denúncias de funcionários do Santander que se dizem constrangidos com as orientações do superintendente da Rede SP Sul do banco, Marcelo Malanga. O gestor teve a “brilhante e criativa” ideia de, nesta sexta-feira 13, estabelecida no Santander como “dia do cliente”, os bancários das agências sob sua responsabilidade usarem chapéus e tirá-los em reverência a quem entrasse. A ideia era “tirar o chapéu para o cliente”.

“Os bancários nos procuraram dizendo-se desconfortáveis e com toda a razão”, diz a diretora executiva do Sindicato, Rita Berlofa, que questiona a estratégia do superintendente: “Não é possível que essa seja a estratégia de um gestor, num cargo desses, para seduzir clientes. Se perguntasse a qualquer bancário do Santander, que não ganha seu salário nem ocupa sua posição, eles saberiam que não é dessa forma que se conquista o consumidor.”

Segundo Rita, os funcionários teriam a resposta na ponta da língua: “Para ampliar o número, fidelizar clientes e sair do primeiro lugar no ranking de reclamações do BC, posição que ocupa por sete meses seguidos, o Santander precisa parar imediatamente as demissões e contratar funcionários”.

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A dirigente lembra que o presidente do banco no Brasil, Jesús Zabalza, assumiu o cargo em abril dizendo que o foco do banco seria o cliente. “Se o banco quer que o cliente seja de fato o foco, precisa primeiro focar no funcionário. Tem de ter número de bancários adequado ao bom atendimento, tem de dar treinamento e capacitar o quadro de funcionários, tem de readequar as metas de forma que elas não sejam abusivas e parar com o assédio moral, ferramenta usada para cobrança por metas cada vez maiores. Enfim, tem de fazer do ambiente de trabalho um local saudável, onde os trabalhadores se sintam bem e sejam respeitados. É isso que resulta em clientes bem atendidos.”

Mas, segundo Rita, não é o que faz o banco espanhol. Ela destaca que o Santander é um dos que mais demite no país, que ao mesmo tempo é responsável por 25% de seu resultado mundial.

Dados do balanço da instituição financeira mostram que ele extinguiu 2.290 postos de trabalho no primeiro semestre deste ano. Em 12 meses (de junho de 2012 a junho de 2013), a redução foi de 3.216 funcionários. Por outro lado, a receita advinda das tarifas que o banco cobra de seus correntistas aumentou 12,7% no semestre, na comparação com os primeiros seis meses de 2012. Só com essa receita o banco cobre em 156,5% o total das despesas com pessoal. “Os números mostram que o banco pode contratar mais”, afirma Rita.

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Reincidente – A dirigente informa que não é a primeira vez que o Sindicato recebe reclamações de bancários de agências da Superintendência SP Sul. “São reiteradas as queixas de funcionários dessas unidades contra a superintendência. Não é possível que essa prática continue. O Santander tem de coibir gestores que apostam na gestão do medo e do desrespeito, para investir em uma administração humanizada”, conclui.


Andréa Ponte Souza - 13/9/2013

*Atualizada às 12h20 de 17/9/2013

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