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Idec e Sindicato juntos contra abusos dos bancos

Linha fina
Entidades vão unir esforços para barrar ofensiva das instituições financeiras que está gerando (ainda mais) desemprego entre os bancários e precarização dos serviços prestados à população; primeira ação será incentivar denúncias de funcionários e clientes
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São Paulo – O Bradesco impede clientes de entrar nas agências. Itaú e Banco do Brasil recusam depósitos de valores que consideram “baixos”. Santander e Itaú mantém unidades bancárias que funcionam sem caixas e vigilantes armados. Essas e outras novidades implantadas pelos bancos visando diminuir seus custos e, consequentemente, aumentar ainda mais seus já astronômicos lucros estão causando muita dor de cabeça nos clientes e bancários.

Para enfrentar estes e tantos outros abusos, o Sindicato e o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) vão aprofundar sua parceria a fim de conscientizar a população sobre seus direitos e incentivar denúncias. Trabalhos em conjunto na esfera judicial também estão previstos.

“Os problemas dos funcionários e dos clientes muitas vezes tem a mesma origem, mas são sentidos de forma diferente”, opina a diretora executiva do Sindicato Marta Soares. “Um exemplo é o projeto atendimento, do Bradesco, que obriga o bancário a impedir que a população acesse o interior da agência. O cliente tem um direito cerceado devido a uma orientação que veio de cima, mas, impotente, acaba descontando sua ira no trabalhador, que só está seguindo ordens. E os dois lados acabam sofrendo por conta do banco.”

Sensíveis à imagem – Uma das orientações do Idec é a divulgação do site consumidor.gov para registrar queixas. Quase 80% das reclamações protocoladas na plataforma resultaram em acordo entre consumidor e fornecedor, segundo balanço divulgado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

Lançado em junho de 2014 pelo Ministério da Justiça, seu objetivo é registrar queixas de consumidores de todo o país e intermediar o contato com a empresa.  Os serviços financeiros figuraram em segundo lugar na lista de mais reclamados, com 17,3% do total, ficando atrás somente do setor de telecomunicações.

“Os bancos são muito sensíveis à sua imagem, por isso denunciar é muito importante”, avalia a  pesquisadora do Idec Ione Amorim.

Além do da Folha Bancária, do site, das redes sociais e dos jornais específicos de banco, o Sindicato também edita o Jornal do Cliente, que dialoga com a população.

Foras da lei – O secretário Jurídico do Sindicato, Carlos Damarindo, lembra que essas novas determinações dos bancos também ferem a legislação.  Um exemplo são as agências de negócios, que atendem sem caixas e vigilantes armados. A Lei de Segurança Bancária (7.102/83) é clara ao proibir o funcionamento de estabelecimentos financeiros sem medidas de segurança. Já a extinção dos serviços de caixas, além de gerar desemprego, é considerada discriminação pelo Sindicato, pois muitos clientes – sobretudo os mais idosos –  pagam suas contas e realizam outros serviços bancários exclusivamente por intermédio destes profissionais.

Falando em discriminação, instituições como o Itaú e o Banco do Brasil não aceitam depósitos inferiores a R$ 800 nos caixas. Isso sem contar que bancos como o Bradesco impedem que clientes acessem o interior das agências, abuso já mencionado acima.

Mas a Constituição Federal afirma em seu artigo 192 que o sistema financeiro deve servir aos interesses da coletividade, lembra Carlos Damarindo. “O propósito do Idec é defender o consumidor, e o nosso é lutar pelos empregos e pelos direitos dos trabalhadores bancários, e todos esses exemplos demonstram que as duas instituições têm de trabalhar juntos a fim de impedir que os bancos continuem a desrespeitar ainda mais a as leis e a sociedade por meio de desemprego, discriminação e maus serviços”, afirma o dirigente.


Redação – 2/9/2015
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