Em um momento em que a representação sindical nos Estados Unidos está em declínio e a renda no país está estagnada, a aprovação da população norte-americana às entidades de classe está próxima do ápice dos últimos 50 anos: 64% dos estadunidenses defendem o modelo de organização trabalhista.
O levantamento foi feito pelo renomado instituto de pesquisas norte-americano Gallup e divulgado no Dia do Trabalho (Labour Day), celebrado no país na primeira segunda-feira de setembro, que, neste ano, caiu no dia 2.
A série histórica da pesquisa começa em 1936, sendo que, até meados da década de 1970, a aprovação dos sindicatos era constante em cerca de 70% da população. Após esse período, houve uma redução do índice que desembocou no registro mais baixo, em 2008 – ano em que última grande crise financeira atingiu em cheio a população –, com 48%.
Entre as razões apontadas para o crescimento da importância sindical estão salários achatados (com sucessivas perdas no poder de compra) e maior atenção para questões sociais dos mais jovens.
Os EUA enfrentam há décadas a estagnação da renda da metade mais pobre da sua população. Ao mesmo tempo, a renda média anual bruta dos 10% mais ricos dobrou; e a do 1% no topo triplicou, segundo o Relatório da Desigualdade Global 2018, da equipe do economista francês Thomas Piketty.
A aprovação dos sindicatos está em ascensão entre diferentes setores políticos, aponta a pesquisa Gallup. Entre os democratas, mais ligados a pautas progressistas e sociais, foi registrado um aumento de 16 pontos percentuais no número, saltando de 66% em 2009 para 82%. Um deles é o acadêmico e deputado pelo estado da Califórnia Ro Khana.
“Se você está se perguntando por que os Estados Unidos têm um nível de desigualdade da época da Grande Depressão e a classe média desapareceu, considere que os trabalhadores sindicalizados estão diminuindo há décadas”, escreveu ele no Twitter em julho.
If you are wondering why America has Great Depression-level inequality and the middle class has disappeared, consider that union membership has been declining for decades. pic.twitter.com/iCuVd7aqOA
— Ro Khanna (@RoKhanna) 2 de julho de 2019
Na segunda 2, Dia do Trabalho, Khana lembrou mais uma vez a importância dos sindicatos. “Como o declínio dos sindicatos levaram ao declínio da classe média em um gráfico [abaixo]. Vamos quebrar a tendência. Neste #LaborDay [Dia do Trabalho], nós reconhecemos todas as contribuições que os sindicatos fizeram enquanto lutaram para expandir os direitos de negociação coletiva para todos os trabalhadores.”
How the decline of unions led to the decline of the middle class in one graphic.
— Ro Khanna (@RoKhanna) 2 de setembro de 2019
Let’s break the trend.
This #LaborDay we recognize all the contributions that unions have made while fighting to expand collective bargaining rights to every worker. pic.twitter.com/zo0V2DHzIq
Até entre os republicanos, mais conservadores, a tendência foi mantida: em 2009, 29% apoiavam sindicatos; hoje, 45%, também um crescimento de 16 pontos percentuais. Entre os independentes, a variação foi de 17 pontos percentuais: de 44% para 61%.