A categoria bancária foi pioneira na discussão de gênero. Este ano completamos 23 anos da criação da mesa de igualdade de oportunidades na nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e construímos, ao longo da nossa trajetória, conquistas importantes como a licença-maternidade de seis meses, licença-paternidade de 15 dias, inclusão no plano de saúde para casais homoafetivos, entre outros.
O combate à violência doméstica foi uma conquista da categoria e, em 2022, avançamos na inclusão de uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para instalação de canais de combate ao assédio sexual no ambiente laboral. Também foi acordado que, além de um programa de atendimento às mulheres vítimas de violência, os bancos se responsabilizariam por um programa de formação para combater o assédio.
O programa ‘Basta! Não irão nos calar!’ foi criado em dezembro de 2019, no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e ampliado para 12 sindicatos. Atualmente, temos um saldo de 397 atendimentos, com 212 pedidos de medida protetiva de urgência obtidos com a assessoria dos sindicatos às vítimas.
No nosso canal de denúncias, desde o mês de agosto, tivemos 291 denúncias de bancários da nossa base, com assédio moral liderando as reclamações.
Também conquistamos os censos da diversidade, que provocamos e construímos com a Fenaban para comprovar os números da desigualdade e cobrar do setor correção. É uma mobilização de longa data na categoria, que agora se expande para todas as mulheres, a partir da regulamentação da lei.
Nesta terça-feira 26, participamos da primeira reunião do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) do novo Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens, com o objetivo de garantir maior eficácia dos instrumentos de enfrentamento às desigualdades no local de trabalho. Nossa categoria organizada é referência para os trabalhadores.
Estamos atentas às mudanças no mundo do trabalho. Este ano, reivindicamos com os bancos igualdade entre homens e mulheres em áreas da Tecnologia da Informação (TI). Em 2022 houve favorecimento do sexo masculino, com abertura de 3.933 vagas para eles e a eliminação de 1.106 postos de trabalho entre as mulheres. As admissões de mulheres foram 19,1% menores que a dos homens. E os desligamentos 5,4% superiores entre as mulheres, resultando assim no saldo negativo. Ou seja, apesar do aumento de 70,4% de profissionais da Tecnologia da Informação (TI) contratados pelos bancos, entre 2012 e 2021, a proporção de mulheres na área caiu de 31,9% para 24,9% no mesmo período.
Sabemos que, desde a pandemia, principalmente, houve expansão da área de tecnologia dos bancos e isso impactou no crescimento de profissionais de TI no setor. Entretanto, o número de mulheres, em relação aos homens, diminuiu em tecnologia. Isso reflete uma questão estrutural, porque, historicamente, as mulheres sempre foram menos incentivadas a atuar nas áreas tecnológicas.
A categoria bancária também reivindica com os bancos dados sobre a implementação dos programas de combate à violência doméstica. Queremos um balanço sobre os programas, os números de atendimento e também que os canais sejam melhor divulgados para as funcionárias, para entender como os canais estão funcionando, como está sendo a recepção das vítimas e o encaminhamento, inclusive jurídico, que os bancos estão dando às mulheres que fazem denúncias.
Nossa luta é permanente e exige organização, diálogo e união dos trabalhadores.