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Abuso na transferência do DOPJ

Linha fina
Mudança de bancários da Nova Central para Osasco é marcada por horas extras e pressão; jornada no final de semana foi imposta sem consulta ao Sindicato
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São Paulo – O processo de transferência dos 160 bancários do Departamento de Operações de Pessoa Jurídica (DOPJ) do prédio da Nova Central para Osasco não está sendo realizado conforme negociação do banco com o Sindicato. Essa situação tem intensificado o sentimento de insegurança e descontentamento entre os trabalhadores, além de casos de adoecimento.

O abuso do banco com horas extras é um dos principais pontos. É o que explica a diretora da Fetec-CUT/SP Anatiana Alves, ao destacar o pedido do banco para que os trabalhadores trabalhem durante o feriado de 12 de outubro e o final de semana. “Apesar de a direção do Bradesco assumir o compromisso de fazer a mudança com tranquilidade, o que está acontecendo é o desrespeito com o trabalhador e com os trâmites jurídicos, pois o Sindicato nem sequer foi comunicado sobre o trabalho no final de semana.”

Ela explica que é obrigação do banco passar uma listagem ao Sindicato e à Delegacia Regional do Trabalho com a quantidade e nomes das pessoas, além de explicar o motivo da jornada extra e a carga horária que será realizada, o que não foi feito. “Esse tipo de prática, além de ser desrespeitosa, vai de encontro ao discurso de responsabilidade social alardeado no certificado SA 8000 sobre respeito aos direitos fundamentais do trabalho e de organização dos trabalhadores”, denuncia a dirigente, ao enfatizar que a prática abusiva será denunciada à DRT.

Assédio e Pressão – A diretora explica que essa condição está causando muita insegurança, pois além de os bancários terem de se adaptar a um novo local de trabalho, com mudança brusca na rotina pessoal e no deslocamento, há a cobrança por cumprimento de metas e pela realização frequente de horas extras. “Apesar de o banco falar que não obriga o cumprimento de jornada extra, é evidente o assédio moral e o medo que impõe aos funcionários para que fiquem além do horário. Há casos, inclusive, em que o banco exige horas extras em quatro dias na semana, pois se o bancário faz os cinco dias eles são obrigados a pagar o descanso semanal remunerado. Isso é um abuso e desrespeito.”

O diretor do Sindicato Vanderlei Alves também ressalta que a imposição e pressão por metas têm acarretado sobrecarga de trabalho e muitos casos de adoecimento. “Essa mudança está intensificando ainda mais o descontentamento”, explica, ao relatar casos de desrespeito no local de trabalho, como o uso de palavrões e ameaças.

Ele ainda cita casos em que bancários são obrigados a pedir demissão em função de o banco tornar a vida pessoal do trabalhador praticamente inviável. “É como se fosse a demissão indireta, pois a pressão e as condições que vão sendo impostas, como no caso dessa mudança, faz com que o trabalhador não encontre outra alternativa senão pedir para sair. Além do respeito a dignidade, o banco deve assegurar o respeito ao trabalhador e à sua rotina pessoal”, conclui.


Tatiana Melim – 10/10/2012

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