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Mobilização contra práticas antissindicais no BB

Linha fina
Sindicato realizou manifestação na região central pelo fim do desrespeito e do assédio da direção do banco com trabalhadores que participaram da greve
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São Paulo – Cadê as férias que estavam aqui? BB tirou. Cadê o acordo? Diretoria desrespeitou. Cadê a saúde? A meta levou. Cadê o respeito? O banco assediou. Essas perguntas e respostas contidas nos cartazes pregados pelos diretores do Sindicato em ato realizado nesta quarta-feira 31, nos complexos São João e Crédito Imobiliário do Banco do Brasil, sintetizavam as denúncias sobre os casos de abusos cometidos pela direção da instituição.

> Fotos: galeria com imagens da manifestação
> Vídeo: matéria especial sobre o protesto

  Suspensão unilateral de férias que já estavam programadas há meses e pressão de gestores para que bancários compensem os dias de greve foram os motivos do repúdio dos funcionários do BB, que se manifestaram para garantir o direito de greve assegurado na Constituição Federal.

Ernesto Izumi, funcionário do BB e diretor executivo do Sindicato, explicou que os bancários não estão se recusando a realizar a compensação. Entretanto, os trabalhadores não admitem a forma truculenta como está sendo imposta a reposição, desrespeitando, inclusive, o que está previsto no acordo com a federação dos bancos e nas leis trabalhistas.

“A compensação não pode ser imposta. É preciso haver consenso para que a rotina do bancário não seja prejudicada. Não pode haver pressão e há um prazo estipulado no acordo”, defendeu Ernesto, ao denunciar as práticas de assédio moral por parte de muitos diretores. “Eles estão se utilizando da compensação para perseguir aqueles que lutaram pelos direitos e avanços conquistados por toda a categoria nessa campanha. Sem a participação dos bancários na greve, não teríamos alcançado essas conquistas.”

Para Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato, a postura adotada pela direção de impor a suspensão de férias e ameaçar trabalhadores com abertura de processos disciplinares para que haja a compensação é, no mínimo, desleal e desrespeitosa. “Não tem cabimento de uma hora para outra o banco determinar que o trabalhador não tem mais o direito às férias que foram acordadas antes mesmo da campanha.”

A dirigente critica a postura contraditória do banco que, por ser público e cumprir um papel de carro-chefe da economia do país, deveria respeitar um princípio básico da Constituição, que é o direito do trabalhador de lutar por melhores condições de trabalho e, quando necessário, recorrer à greve. “São práticas antissindicais dessa direção autoritária, que tenta desmobilizar o trabalhador e proibir de participar das campanhas nacionais da categoria, o que é um direito.”

Outras ações – Ernesto Izumi reforçou que, além do ato dessa quarta, serão tomadas outras medidas, como ação na Justiça para que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados. “Essa direção só entende as reivindicações com mobilização e greve. Queremos chegar a um consenso, mas se não houver diálogo ampliaremos as mobilizações.”

O dirigente explicou ainda que serão organizadas formas de denunciar o atual modelo de gestão e propor uma mudança radical no formato da relação da direção com o trabalhador.

Ditadura – Ao exemplificar a postura autoritária da direção do BB, Raquel Kacelnikas relembrou a recente cobrança feita pelo Sindicato em repúdio ao trecho da apostila do curso de formação de segurança do banco, que distorcia e criminalizava a luta realizada pelos movimentos de esquerda no combate à ditadura.

“Há poucos meses denunciamos a comparação lamentável que eles fizeram. Agora vem outro ataque aos trabalhadores. Esse modelo de gestão autoritária não condiz com a política que vem sendo praticada pelo governo federal. Exigimos que a direção da empresa respeite os trabalhadores.”


Tatiana Melim - 31/10/2012

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