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Novo Congresso fica pior para trabalhadores

Linha fina
Representação da classe trabalhadora na Câmara dos Deputados cai e dos empresários sobe colocando em risco direitos como jornada de trabalho, salários e empregos
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São Paulo – A bancada de deputados federais que defende a causa dos trabalhadores caiu quase pela metade. Levantamento prévio realizado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) identifica que os eleitos pela classe trabalhadora diminuíram dos atuais 83 representantes para 46 na eleição de domingo 5. Desses, 32 foram reeleitos e apenas 14 são novos. Do outro lado, a bancada empresarial ficou com 190 parlamentares: 30 novos e 160 reeleitos. O número final ainda pode mudar, mas não haverá alteração significativa.

“Este dado é extremamente preocupante, especialmente num ambiente de forte investida patronal sobre os direitos trabalhistas, sindicais e previdenciários no Congresso”, afirma nota do Diap. “A bancada sindical dá sustentação e faz a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, aposentados e servidores públicos no Congresso Nacional, além de intermediar demandas e mediar conflitos entre estes e o governo e/ou empregadores.”

Riscos – Esse também foi o recado dado pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, durante a assembleia dos bancários que encerrou a greve nos bancos privados na segunda-feira 6. Vagner saudou a categoria pela mobilização que arrancou conquistas, mas lembrou que a luta política também é determinantes.

“A bancada eleita, a maioria dos deputados estaduais, federais e senadores, é a que os patrões queriam”, destacou. “Agora vão colocar para votar em Brasília só propostas ruins e vai ter menos gente para defender vocês. Vão querer aumentar a jornada do bancário, a terceirização. Vai precisar de muito enfrentamento, ao lado do Sindicato, para conseguir manter direitos”, afirmou Vagner. O dirigente alertou, ainda, para o governo que será eleito no próximo dia 26, quando os cidadãos definem a Presidência da República do Brasil. “São dois projetos claros em jogo: um é o da presidenta Dilma, e que apoiamos, que gerou empregos, ampliou direitos, ouviu os trabalhadores durante todo o governo. O outro, representado por Aécio Neves, é a volta ao passado, de inflação, desemprego, juros altíssimos, desrespeito ao movimento sindical, privatizações que roubaram o patrimônio do país. Não podemos jogar foto tudo que conquistamos.”

Trabalho decente – Em ato que marcou o Dia Internacional do Trabalho Decente (7 de outubro), representantes de seis centrais sindicais comprometeram-se a reforçar as mobilizações na rua para garantir aprovação das pautas trabalhistas e barrar possíveis retrocessos no Congresso Nacional, cuja configuração mais conservadora será a partir de 2015.

“A resposta será intensificar as mobilizações. Na nossa opinião, é necessário também fazer a reforma política para, entre outras coisas, impedir o financiamento privado das campanhas. Da forma como funciona hoje, empresários investiram e conseguiram eleger quem eles quiseram, para manter os interesses deles”, acrescentou o presidente da CUT no protesto que reuniu pelo menos 200 pessoas em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, no centro da capital.


Cláudia Motta - 8/10/2014

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