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Banco do Brasil cresce e elimina empregos

Linha fina
Mesmo com lucro recorde de R$ 12,7 bilhões em apenas nove meses, direção da instituição cortou 1.827 postos de trabalho em um ano
Imagem Destaque

São Paulo – O Banco do Brasil chegou a setembro deste ano com lucro líquido de R$ 12,7 bilhões. O resultado é recorde na história do banco e representa crescimento de 54,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

O desempenho reflete principalmente a expansão dos negócios, contenção das despesas e o impacto da venda de ações da BB Seguridade no segundo trimestre de 2013. O lucro líquido ajustado, sem itens extraordinários, alcançou R$ 7,9 bilhões nos nove meses de 2013. No terceiro trimestre deste ano, o lucro líquido do BB foi de R$ 2,7 bilhões.

O balanço, divulgado nesta terça-feira 12, mostra ainda que a instituição cortou 1.067 postos de trabalho em relação a junho deste ano, e 1.827 vagas em relação a setembro de 2012. “Apesar do crescimento e dos resultados extraordinários, que deveriam levar o Banco do Brasil a contratar mais e gerar empregos no país, vemos que a instituição pública faz o contrário: diminui o número de bancários”, critica o dirigente sindical integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, Cláudio Luís.

Ele informa que a maioria dos cortes se deu por aposentadoria de funcionários, saídas que o banco não está repondo. “Em acordo com o movimento sindical, o BB se comprometeu a contratar mais 3 mil bancários até 31 de agosto de 2014. Estamos cobrando que o banco chame imediatamente os concursados que estão na fila de espera.”

O dirigente destaca ainda que, de acordo com o balanço, apenas com a receita de prestação de serviços e tarifas o BB cobre sua despesa de pessoal em 127,5%.

Crédito – A carteira de crédito ampliada teve expansão de 22,5% de setembro de 2012 a setembro deste ano, atingindo R$ 652,3 bilhões. A carteira de crédito classificada alcançou R$ 585 bilhões em setembro, elevação de 21,7% em doze meses. Os destaques, no período, foram para a carteira de crédito ampliada PJ, que cresceu 23,4%, e Agronegócios, com expansão de 32,5%. Já a carteira de crédito ampliada PF encerrou setembro em R$ 164,0 bilhões, crescimento de 14,1% sobre setembro do ano passado, respondendo por 25,1% da carteira de crédito ampliada do banco.

“O crédito imobiliário também se destacou, crescendo 20,4%, de janeiro a setembro, principalmente com a  expansão do programa Minha Casa Minha Vida. Apesar dessa expansão, o BB vem terceirizando o setor, transferindo serviços para a Cobra Tecnologia”, denuncia o dirigente.

Ele argumenta ainda que a expansão do crédito no banco é mais um motivo para que a instituição amplie o número de funcionários. “Os bancários do BB estão sobrecarregados e sofrendo com a pressão pelo cumprimento de metas.”

Inadimplência – Mesmo com a ampliação do crédito, o índice de inadimplência em mais de 90 dias foi de 1,97% no terceiro trimestre, ficando praticamente estável em relação ao trimestre anterior e 0,22 p.p. abaixo do terceiro trimestre de 2012. Já as despesas com Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa aumentaram em 8,2% na comparação com setembro de 2012.

O BB manteve a prática de distribuir 40% do lucro líquido a seus acionistas e destinou R$ 5,1 bilhões em remuneração nos noves meses de 2013. No mesmo período do ano passado, o banco destinou R$ 3,3 bilhões, que representaram 54,5% do lucro no período. “A instituição compensa muito bem os acionistas, mas esquece de valorizar os trabalhadores que constroem, no dia a dia, o lucro do banco”, lembra Cláudio Luís.


Andréa Ponte Souza - 12/11/2013

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