São Paulo – A greve da Campanha Nacional durou 23 dias e a luta por melhores condições não abrangeu apenas os bancários. Muitos dos estagiários do Banco do Brasil também paralisaram as atividades por não concordarem com o valor de R$ 332,97 para realizar as mesmas funções de funcionários concursados.
“Todos do meu setor participaram da paralisação. Nós lutamos junto com a categoria e conseguimos o aumento”, ressalta Carlos (nome fictício), estagiário do complexo São João. A mobilização arrancou reajuste de 71% na remuneração. “Eu achei bom porque valorizou os estagiários. Nós temos muitas responsabilidades, fazemos as mesmas funções dos funcionários. O valor ainda é pouco, mas o aumento já ajudou”, acrescenta.
Maíra (nome fictício), outra estagiária do São João, considerava o valor recebido antes do aumento desanimador. “Agora ficou um pouco melhor, mas mesmo assim achamos que deveríamos pelo menos ganhar um salario mínimo além dos vales alimentação, refeição e transporte.”
O diretor executivo do Sindicato Ernesto Izumi também avalia que o valor da bolsa ainda é irrisório. “O banco trata o estagiário como mão de obra mais barata para realizar serviços que poderiam ser realizados por bancários. Muitos deles prestaram concurso, mas o banco não está contratando, por isso o Sindicato continuará dando atenção a todos e lutando para que os concursos sejam pra valer.”
O dirigente acrescenta que a falta de mão de obra reflete em todo o quadro funcional. “Todos acabam afetados pelas metas abusivas, avaliações de desempenho com base em acordos individualizados e casos de assédio moral. Somente a mobilização faz a pauta dos trabalhadores avançar, e isso é bom para o futuro”, salienta Ernesto.
Cauê, que precisa do estágio para conseguir terminar o curso para técnico jurídico fornecido pelo Banco do Brasil, concorda: “Se tivéssemos ido trabalhar ao invés de aderir à greve, provavelmente não teríamos tido aumento, porque aos olhos do banco aquele valor estaria bom para nós”, avalia o estagiário.
Rodolfo Wrolli – 29/11/2013
