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Sindicalistas cobram Santander sobre demissões

Linha fina
Executivo do RH do banco encara dispensas como processo “normal”, mas afirma que não haverá demissão em massa em dezembro como em 2012
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São Paulo – O Santander cortou 4,5 mil empregos em um ano no Brasil, país que participa com 24% do lucro mundial, o maior resultado entre todos onde o banco atua. Para cobrar o fim das demissões imotivadas e melhores condições de trabalho, o movimento sindical reuniu-se na quinta-feira 29 com o vice-presidente executivo sênior do Santander, José de Paiva Ferreira, responsável pela área de Recursos Humanos.

A reunião ocorreu no Casa 1 do Santander, zona sul de São Paulo. Foi a primeira vez que um alto executivo do banco espanhol esteve com a Comissão de Organização dos Empregados (COE). Os bancários denunciaram que o Santander é hoje o banco que mais está demitindo no Brasil. Segundo dados do Dieese, mesmo com lucro líquido de R$ 4,3 bilhões até setembro deste ano, houve corte de 3.414 empregos no mesmo período, o que é totalmente injustificável.

Apenas no terceiro trimestre, a instituição eliminou 1.124 postos de trabalho. Já nos últimos 12 meses, a redução alcançou 4.542 vagas, ua queda de 8,2% no quadro de funcionários que caiu para 50.578 em setembro.

“Com tantas demissões, hoje faltam caixas e coordenadores na rede de agências, provocando sobrecarga de serviços, desvio de função, assédio moral, estresse e adoecimento de bancários, piorando as condições de trabalho e prejudicando a qualidade de atendimento aos clientes”, disse Maria Rosani, diretora executiva do Sindicato e coordenadora da COE do Santander.

O executivo do RH reconheceu as dispensas, mas afirmou que continuarão ocorrendo, alegando que são “normais”. Os dirigentes sindicais rebateram, afirmando que para os trabalhadores, principais responsáveis pelos lucros bilionários do banco, são anormais e nada contribuem para melhorar o atendimento e a eficiência da instituição. “É inadmissível alegar normalidade em um processo de dispensas como o que estamos vivendo. O banco espanhol instalou-se no Brasil e agora demite, elimina postos de trabalho, e deixa desamparadas famílias com filhos, com dependentes. Repudiamos a postura do Santander”, ressaltou a diretora executiva do Sindicato e coordenadora da mesa de negociação, Rita Berlofa.

Os representantes dos trabalhadores denunciaram que existe uma onda de boatos de novas demissões em massa na véspera do Natal. No ano passado, o banco desligou sem justa causa 1.153 funcionários em todo país, o que representou corte de 975 empregos. Paiva alertou que “não haverá demissão em massa em dezembro”.

Gestão equivocada – O vice-presidente do Santander disse que “o plano do banco é de crescimento de negócios e de clientes e, para crescer, as pessoas devem estar satisfeitas, engajadas, motivadas e felizes”.

A realidade, no entanto, é bem diferente na rede de agências, onde impera o caos diante da falta de funcionários, pressão por metas abusivas, assédio moral, insegurança e condições precárias de trabalho. “O atual modelo de gestão do banco não serve para motivar os funcionários, melhorar o atendimento e alavancar o banco no mercado. Os trabalhadores estão hoje inseguros, descontentes e infelizes”, destacou Rita.

Outra denúncia foi o corte até mesmo de despesas com limpeza. “Tem agência onde a funcionária da limpeza passou a trabalhar somente uma ou duas horas por dia em cada unidade, tendo de se deslocar para outras agências no mesmo dia. Uma criança de uma cliente vomitou e a trabalhadora não estava lá para limpar o chão”, denunciou Rita. “Dessa forma, as agências serão paralisadas por falta de higiene, assim como já vêm sendo fechadas no horário de almoço e por outros tantos problemas causados pela falta de funcionários”, apontou. “Desafiamos o Santander a mudar a gestão se realmente pretende ser o melhor banco para se trabalhar como vive prometendo”, acrescentou Rita.

Direito à informação – Outra cobrança feita ao executivo do RH do Santander foi transparência em relação às informações sobre os funcionários do banco.

Na Espanha, os sindicatos têm acesso a dados como número de contratações, desligamentos e afastamentos, bem como as faixas e níveis salariais, que são divulgados em jornais para o conhecimento de todos, o que não ocorre no Brasil. O banco se comprometeu a apresentar uma análise econômica mostrando o cenário nacional e internacional da instituição financeira até 2016. Também serão apresentados os resultados de recentes pesquisas feitas com os funcionários do banco sobre o clima organizacional.


Redação, com informações da Contraf-CUT – 29/11/2013

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