Hylda Cavalcanti, da Rede Brasil Atual
1º/11/2016
Brasília – Várias cenas de conflito foram registradas durante a madrugada de terça 1º entre alunos que ocupavam o Centro de Ensino Médio Ave Branca (Cemab), em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília e um grupo que invadiu ilegalmente a escola e chegou a jogar bombas caseiras e coquetéis molotov nas salas de aula, para expulsar os alunos. No início da manhã oficiais de justiça, acompanhados por soldados da Polícia Militar do Distrito Federal, cumpriram mandado de desocupação da escola. Os alunos saíram pacificamente.
O argumento do grupo que invadiu a escola foi de que existem pessoas contrárias à ocupação e que muitos dos alunos do Cemab querem o retorno das aulas. Os estudantes que integram o movimento e evitaram se identificar, reclamaram porque, desde o início, estão realizando ocupações pacíficas e apenas protestam pelo direito de discutirem melhor a reforma do ensino médio e para evitarem retrocessos na educação pública.
A confusão foi iniciada por volta das 21h de segunda 31, e só foi contida com a chegada à escola de 13 viaturas da PM. Representantes dos sindicatos dos professores intervieram para conter os invasores e garantir a integridade dos ocupantes. Não houve registro de alunos feridos.
Para cumprir a desocupação do Cemab, em que estavam 65 alunos, a PM destacou um contingente de 150 soldados. Além disso, a PM também bloqueou ruas no entorno da escola. A saída dos alunos, conforme informações do governo do Distrito Federal, foi negociada por integrantes do Conselho Tutelar e o secretário de Educação, Júlio Gregório Filho. Segundo o coronel Júlio Cesar de Oliveira, comandante da operação, os alunos acataram a decisão judicial de forma tranquila e não foi encontrado nada de ilícito na escola.
Ameaças constantes - Na segunda 31 durante audiência pública sobre o tema, no Senado, alunos da rede pública de ensino do DF se manifestaram e narraram problemas enfrentados durante a ocupação, como foi o caso da estudante Sheila Seabra. Ela contou que os alunos reconhecem que preferem dormir nas suas casas e saber que refeição farão no dia seguinte, em vez de sofrerem com o frio e o cansaço de se revezarem em turnos para evitar agressões. Mas não querem recuar porque têm consciência de que estão lutando pelo futuro de cada um. Os estudantes também denunciaram, durante a audiência, que estão sendo constantemente ameaçados por participar do protesto, mas argumentaram que não desistem da mobilização porque além de serem contrários à reforma do ensino médio e do congelamento de gastos públicos para a educação (dispostos em propostas do Executivo que estão em tramitação no Congresso), sofrem atualmente com a infra-estrutura mínima existente hoje nestas instituições de ensino, tais como banheiros interditados, salas sem portas e janelas quebradas.
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Acompanhados por um grupo de parlamentares, estes estudantes participaram, na tarde de ontem, de encontros com representantes do Ministério Público Federal (MPF), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância. O objetivo foi denunciar as ameaças que têm sofrido, reivindicar o seu livre direito à manifestação pacífica e ter garantida sua integridade física.
Diretores e representantes do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) estão concentrados nas escolas ocupadas para evitar violência policial em eventuais novos mandados de desocupação.
O Distrito Federal tem, atualmente, outras sete escolas ocupadas, nas cidades-satélites de Samambaia, Planaltina, Recanto das Emas, Taguatinga e em Brasília, no Plano Piloto. Também estão ocupados cinco institutos técnicos federais, localizados nas cidades-satélites de São Sebastião, Planaltina, Riacho Fundo, Estrutural e Samambaia. Na noite de segunda 31, estudantes da Universidade de Brasília (UnB) decidiram ocupar a reitoria.
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