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Sindicato é homenageado no Congresso Nacional pelos seus 100 anos de lutas

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Imagem mostra todos os presentes na  homenagem pelos 100 anos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, na Câmara dos Deputados

O Sindicato dos Bancários de São Paulo recebeu no plenário da Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, uma homenagem pelos 100 anos de existência da entidade, completados no último dia 23 de abril. A iniciativa das deputadas Juliana Cardoso (PT-SP) e Erika Kokay, (PT-DF) ocorreu nesta sexta-feira 24.

Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, enfatizou o protagonismo da entidade, dentro do movimento sindical brasileiro, em lutas como a inclusão de mais mulheres nos espaços de poder, no combate ao racismo, pela isonomia de direitos de casais homoafetivos, e na garantia da contratação de negros e negras nos bancos.

“Nós temos também a responsabilidade de olhar para o futuro. Precisamos lutar para que os ganhos da produtividade através da tecnologia sejam revertidos também para os trabalhadores, na forma de trabalho decente, mais capacitação e da jornada de quatro dias sem redução de salário, para que possa haver mais empregos e que as pessoas possam viver melhor e com menos adoecimento mental. Viva o Sindicato, viva a categoria bancária e viva a classe trabalhadora!”, afirmou Neiva.

Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato


Juvandia Moreira, a primeira mulher a presidir [de 2011 a 2017] o Sindicato em 87 anos, lembrou que a entidade é uma referência e liderou, juntamente com os bancários do Brasil, na construção de uma Convenção Coletiva de Trabalho com validade em todo o território nacional.

“É uma convenção de muitas lutas feitas pelos bancários e bancárias, e que virou referência para a classe trabalhadora. Muitas das nossas lutas e das nossas conquistas abrem espaço para que outras categorias e outros ramos de atividade possam também avançar”, afirmou, acrescentando que a entidade não se limita a fazer apenas a luta coorporativa.

“Durante a pandemia, o Sindicato abriu a quadra para distribuir mais de mil refeições por dia. é um sindicato cidadão, mas que traz muitas conquistas para a categoria”, destacou a atual presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da CUT.

Ivone Silva, presidenta do Instituto Lula e ex-presidenta do Sindicato, afirmou que um país sem movimento sindical atuante é um país sem democracia. “Quando nós falamos de democracia, não podemos esquecer que democracia se faz com a participação de todos: homens, mulheres, LGBTs, pessoas com deficiência. A inclusão desses temas no movimento sindical faz parte dessa democracia. E, por isso, o movimento sindical bancário tem uma mesa de negociação que discute com os bancos igualdade de oportunidade. O movimento sindical vai muito além do aumento salarial. Tem de pensar [também] na questão das mulheres, se elas estão sofrendo violência, na inclusão de todos, e na sociedade como um todo, como a doação de cestas básicas, transporte, educação. É este o papel do Sindicato: tratar o trabalhador como um todo.”

Ivone Silva, presidenta do Instituto Lula e ex-presidenta do Sindicato


O deputado estadual de São Paulo Luiz Claudio Marcolino (PT) lembrou que o Sindicato dos Bancários de São Paulo sempre teve um papel muito importante não só na construção do diálogo com os bancários.

“Nos nunca abrimos mão de debater salário, emprego, condições de trabalho, mas também nunca deixamos de fazer a luta social. Nós estivemos à frente das Diretas Já […] Nós passamos pela ditadura militar, e muitos companheiros sucumbiram para garantir que nós tenhamos o que temos hoje. Se hoje temos uma democracia, que foi muito atacada a partir de 2016; de 1964 a 1979 ela foi muito mais atacada. Os bancários, junto com os metalúrgicos, metroviários e demais sindicatos conseguiram dar um basta à ditadura militar.”

Luiz Claudio Marcolino, deputado estadual e ex-presidente do Sindicato


A deputada federal Juliana Cardoso destacou que hoje o Sindicato dos Bancários de São Paulo representa 139 mil pessoas em dois mil locais de trabalho, e a categoria bancária é a única com uma convenção coletiva nacional, criada em 1992, que garante os mesmo salários e direitos de todos os bancários do país.

“O Sindicato tem ações em diversas frentes. Esses 100 anos trazem o compartilhamento de uma história de luta que foi um direito conquistado com muita dificuldade, a às vezes até o entendimento dos filiados e filiados do Sindicato. Quantas vezes vocês tiveram de estar na base para dialogar sobre essa importância e sobre o fortalecimento da democracia. Esse tempo que foi construído por tantas pessoas que já passaram por aqui […] tudo que vocês caminharam nas lutas salariais, para a melhorias das condições de cada bancário, mesmo aquele que não entendia que o Sindicato é um instrumento de luta. Ainda assim, vocês construíram lutas salariais muito importantes”, afirmou a deputada.

A deputada federal Erika Kokay enfatizou a combatividade do Sindicato dos Bancários de São Paulo frente ao sistema financeiro nacional.

“Que bom que neste país temos a oportunidade de comemorar os 100 anos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que enfrenta, como todos os outros sindicatos de bancários, o segmento da sociedade que tem a arrogância de achar que pode dominar as nossas vidas. Que enfrenta o segmento que sempre lucra e que mais lucra neste país: o sistema financeiro. Mas nós temos o peso e a qualidade do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Ricardo Berzoini, ex-deputado federal, ex-ministro de Estado e ex-presidente do Sindicato dos Bancários, enfatizou que a entidade sempre foi referência de combatividade, inovação e capacidade de formular teses para o movimento sindical.

“Desde a antiga CGT, da fundação do Dieese, que foi fundado no Sindicato dos Bancários, desde a luta pelas condições de trabalho […] os bancários foram inovadores quando instituíram as primeiras greves gerais no país. Os bancários de São Paulo e de todo o Brasil constituíram sempre uma noção de unidade nacional da categoria, que levou, em vários momentos, a eleição de deputados federais pela categoria bancária em vários estados.”

E finalizou avaliando que o conceito de categoria está em xeque na estrutura sindical brasileira. “As novas tecnologias, a Inteligência Artificial, a perspectiva de setores econômicos que se entrelaçam e a globalização do capital especulativo fazem com que os sindicatos por categoria tenham cada vez menos força […] é preciso estruturar uma nova estratégia a partir da luta da classe trabalhadora como um todo, identificar os nichos de formação do capital e como se acumulam e interagem como capital transnacional […]. Mas eu confio na inventividade e na capacidade dos nossos dirigentes sindicais bancários de repensar nossa luta.”

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