São Paulo – “Segunda-feira cheguei na agência e fui demitido. Quando entreguei o meu crachá e saí do local, já não sabia onde eu estava. A sensação é que estava fora do ar. Cheguei em casa e à noite recebi uma ligação de uma amiga dizendo que leu no site do Sindicato que as demissões foram em todo o Brasil, demissões em massa. Fiquei chocado, fomos pegos de surpresa. Tenho problemas de saúde, estava fazendo hora extra diariamente, até na hora do almoço e acumulava funções, pois sobra trabalho e falta funcionário no banco.”
Esse é o depoimento de um bancário ex-banespiano que trabalhou por cerca de 20 anos na instituição financeira e após a fusão com o Santander, e está entre as centenas de demitidos na base do Sindicato em São Paulo, Osasco e região.
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Assim como ele, muitos trabalhadores oriundos do Banespa e de outros bancos incorporados pelo Santander foram dispensados com base em alguns parâmetros, como relata outra bancária banespia, ao destacar a desconfiança que tinha de que seu perfil não interessava mais para o banco, pois restam apenas três anos para sua aposentadoria. “Eles foram claros na dispensa: por eu estar para me aposentar e vir de outro banco fazia parte do corte.”
Após 24 anos no banco, antidepressivos e tratamentos psiquiátricos passaram a fazer parte da sua rotina. Fortemente abatida, a bancária relatou como aconteceu seu primeiro afastamento, após sofrer três assaltos seguidos dentro da agência. “O médico diagnosticou síndrome do pânico e me afastou. Mas o pior estava por vir e eu não sabia. Quando voltei, trabalhei um ano com depressão e o assédio moral passou a fazer parte da rotina. Eles achavam que eu não servia mais para eles.”
Ainda em tratamento e perto de se aposentar, a bancária entrou para a lista dos dispensados pelo banco, mesmo depois de anos de dedicação. “Fiquei meio frustrada e deprimida, apesar de perceber que o banco já não reconhecia mais o meu trabalho.”
Compareça ao Sindicato – Os bancários do Santander demitidos em dezembro podem enviar ao Sindicato seus relatos sobre situações constrangedoras, sobre sua história no banco, ou sobre como foi o processo de demissão. Todos os relatos e denúncias devem ser enviados por meio do site do Sindicato. Clique aqui e escolha o setor “site” para enviar sua mensagem. Pessoalmente e por e-mail, documentos e relatos devem ser encaminhados até segunda-feira 10, às 12h.
A orientação é que os dispensados que ainda não realizaram a homologação tenham em mãos uma cópia da carta de demissão para controle das dispensas. Os bancários que tiverem laudos médicos e documentos que comprovem estabilidade também devem estar com os papéis.
“Nosso objetivo é mostrar na Justiça como essas dispensas são irregulares. Trabalhadores adoecidos foram atingidos, bancários que passaram por assalto em sua agência, que desenvolveram estresse pós-traumático. Todas essas histórias demonstram o desrespeito do banco com os trabalhadores brasileiros”, ressalta a diretora executiva e funcionária do Santander Rita Berlofa.
Tatiana Melin e Gisele Coutinho - 7/12/2012
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Sindicato recebe histórias dos trabalhadores dispensados para mostrar quão discriminatórias foram as centenas de demissões promovidas pelo banco
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