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Demissões no Santander serão discutidas no MTE

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Em audiência no Ministério do Trabalho e Emprego, Sindicato denunciará problemas decorrentes do corte de postos de trabalho no banco espanhol
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São Paulo – Integrantes do Sindicato vão se reunir na quinta-feira 12 com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Manoel Messias Nascimento Melo, para denunciar as demissões e os problemas decorrentes da diminuição de postos de trabalho no Santander.

Nos últimos 12 meses, o banco espanhol foi responsável pela redução de 4.542 postos de trabalho. Seu lucro, por outro lado, atingiu R$ 4,335 bilhões nos nove primeiros meses de 2013.

Ao mesmo tempo em que cortou milhares de empregos o Santander assistiu um aumento vertiginoso do número de contas correntes: 1,5 milhões nos últimos 12 meses e 7,8% de clientes a mais no período, o que invariavelmente produziu um quadro de sobrecarga de trabalho e mau atendimento nas agências.

O bancário Paulo (nome fictício), que trabalhava em uma agência na periferia da zona sul da capital paulista ilustra a situação. “Além da carga excessiva de trabalho, tínhamos que lidar com a insatisfação dos clientes por causa do mau atendimento devido à falta de funcionários.”

Ele conta que a PM chegou a ser acionada para evitar tumultos no interior da unidade. “Já ocorreram ameaças pessoais de clientes”, acrescenta Paulo, que adquiriu depressão e foi demitido.

Proibição – A diretora executiva do Sindicato Vera Marchioni ressalta que a política de corte de empregos e a consequente sobrecarga de trabalho aos remanescentes leva ao adoecimento de um grande número de funcionários.

“O Santander demite muitos trabalhadores que adoeceram por trabalhar demais para o banco. O Sindicato atende durante a homologação um número crescente de demitidos pelo Santander com doenças psíquicas e inclusive com LER/Dort, desrespeitando determinação judicial”, afirma, lembrando que desde 23 de agosto deste ano, o Santander está proibido de demitir trabalhadores com LER/Dort ou que estejam sob suspeita de ter a doença. A decisão é do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT 2ª Região), em resposta a uma ação do Sindicato, interposta em 2008.

> Santander é proibido de demitir bancário com LER

Além de não poder rescindir o contrato de funcionários nessa situação, o acórdão obriga o banco a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) aos trabalhadores com LER ou suspeita de LER, proíbe substituir o demissional pelo exame períodico e ainda determina que o Santander aceite atestados e exames médicos do SUS, de convênios ou mesmo de médicos particulares. A decisão do TRT vale para todos os funcionários do banco espanhol no estado de São Paulo.

O caso da ex-funcionária do Santander Mariana (nome fictício) atesta que o banco espanhol não respeita a Justiça brasileira. Ela foi demitida pelo banco no final de setembro, mesmo com laudo médico que comprova doenças osteomusculares.

“Eu trabalhava como caixa jurídica e tinha que fazer compensação de até 500 contas por dia. Eram dois funcionários na agência Van Gogh em que eu trabalhava. No horário de almoço só ficava um”, conta Mariana, que além de LER/Dort, desenvolveu depressão também. “A pressão vinha de todos os lados. O gerente pressionava por mais agilidade, os clientes diziam que, pela lei, tinham de ser atendidos em 15 minutos. Chegou uma hora que eu surtei.”

Mariana foi demitida sob a justificativa de baixa produtividade. Mesmo com atestado de LER/Dort em mãos, o Santander se negou a fazer a reintegração, desrespeitando a decisão judicial. “Para o banco, o funcionário é só um número. Você serve enquanto tem saúde. A partir do momento em que adoece, não serve mais“, opina a ex-funcionária.

“O Santander ultrapassa todos os limites do desrespeito ao ser humano”, afirma a diretora executiva do Sindicato Rita Berlofa.  “Nós vamos denunciar essas questões ao secretário de Relações do Trabalho. Queremos que o Santander respeite os funcionários brasileiros, que são responsáveis por um quarto dos lucros do banco e possuem índice de eficiência superior aos trabalhadores europeus”, completa a dirigente.


Rodolfo Wrolli – 11/12/13

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