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Protesto contra demissões e assédio no Bradesco

Linha fina
Dirigentes sindicais realizaram ato em frente ao Telebanco com peça de teatro que ironizou o champanhe oferecido pelo banco para “estimular” bancários a atingir metas. Manifestação também denunciou aumento de demissões
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São Paulo – Pressão por metas, trabalho precário, falta de ascensão profissional e diversos outros motivos atordoaram os bancários do Bradesco em 2013 e continuam fazendo parte dos desafios dos funcionários. Mas, o Sindicato quer mudanças e valorização desses trabalhadores, além do fim das demissões e mais contratações. Para cobrar, realizou ato na sexta-feira 6 em frente ao Bradesco Telebanco, no bairro Santa Cecília, região central da cidade.

> Fotos: galeria da manifestação

Além de denunciar o problema dos bancários do Bradesco à população, os dirigentes sindicais encenaram uma peça de teatro bem-humorada para ironizar o uso de champanhe para assediar bancários em algumas agências. Após a pressão dos gerentes regionais e do diretor vividos pelos atores, o personagem do bancário enlouqueceu e saiu correndo pelo meio da plateia por conta da pressão pelas metas. “Infelizmente, não é brincadeira. Presenciamos trabalhadores adoecerem, muitos tomam remédios controlados e essa é uma triste realidade da categoria”, conta Marcos Amaral, o Marquinhos, dirigente sindical e um dos atores na peça.

“A meta abusiva existe e a pressão também aqui no Telebanco. É necessário contratar mais, para amenizar essa correria toda. Em dias de pico o atendimento vira um caos”, desabafa uma bancária.

> Bradesco usa champanhe para assediar bancários

Demissões e metas abusivas – A diretora executiva do Sindicato Neiva Maria Ribeiro ressaltou durante o ato que não há motivo para demissão no Bradesco. “Os bancários estão sobrecarregados. Não faz sentido um banco que lucra e é um dos maiores do país, demitir.”

O Bradesco possui hoje 26,4 milhões de contas-correntes e 48,3 milhões de contas-poupança. O lucro anual da instituição financeira chegou a R$ 9 bilhões. Em sua página na internet, o Bradesco anuncia que um dos pilares de sustentabilidade adotado pela empresa é a “gestão responsável”, que valoriza os funcionários com melhoria do ambiente de trabalho.

Em 2012 foram 1.041 demissões em São Paulo, Osasco e região. Já em 2013, para o mesmo período, o número de dispensas chegou a 1.678. “O Sindicato não aceita essas demissões. Nas agências a sobrecarga de trabalho é muito grande, assim como em departamentos. E falta até bom senso de gerentes que oferecem champanhe para funcionários baterem metas. Não tem cabimento”, protestou Neiva.

Um ex-bancário, demitido em outubro pelo banco, passava pelo bairro, viu o protesto do Sindicato e foi dar apoio aos dirigentes sindicais. “Trabalhei no Bradesco por 10 anos, comecei como atendente aqui no Telebanco, depois passei por agências, mas ter promoção no banco é algo muito difícil. E foi em um dos meus pedidos à gerência para ser promovido que recebi a surpresa da demissão”, conta o trabalhador que pediu que sua identidade fosse preservada, pois ele entrará com uma ação trabalhista contra o banco, uma vez que acumulava funções, inclusive de cargos mais altos que o dele.


Gisele Coutinho – 6/12/2013 (atualizada em 9/12, às 11:37)
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