São Paulo – As dificuldades de um ano atípico não impediram que 2014 pudesse ser lembrado também por aspectos positivos. Entre a Copa do Mundo e as tensões das eleições gerais, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região passou por campanha salarial concluída somente depois de sete dias de greve. Antes da Copa, a própria entidade passou por eleição da diretoria para a gestão 2014-2017, tendo como presidenta Juvandia Moreira, que liderou a chapa referendada por quase 90% dos eleitores.
Em tempo de balanço, Juvandia afirmou que lamenta ter sido necessária mais uma vez a realização de greve para que os bancos chegassem à proposta final. Segundo ela, a greve foi mais curta que em outros anos, mas o ideal é chegar a um momento em que não seja necessária. Neste ano, entre reajuste de salários, verbas e PLR, a convenção coletiva nacional dos bancários representou uma injeção de R$ 9 bilhões na economia. São 11 anos consecutivos de aumentos reais e com o resultado deste anos sendo superior ao do ano passado, com percentuais de 2,02% a 2,49% (nos pisos) acima da inflação.
Em entrevista a Osvaldo Colibri Vitta, da Rádio Brasil Atual, a presidenta do maior sindicato de bancários do país fez uma avaliação do momento pós-eleições. Juvandia admite não simpatizar com o pensamento ortodoxo e liberal de Joaquim Levy, escolhido por Dilma Rousseff para ser ministro da Fazenda. “Sabemos que ele defende teses diferente das que defendemos”, diz. Mas ela acredita que a presidenta tem dado sinais de que a preocupação com a valorização do salário mínimo, com a defesa do emprego e com a inclusão social continuarão a dar o norte de sua visão macroeconômica. “A nós cabe cobrar que seja executado o projeto que venceu as eleições”, resume.
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Nesse pacote de “nos cabe cobrar”, Juvandia inclui a necessidade de mais diálogo do governo com os movimentos sociais. E destaca o anúncio recente de que haverá uma agenda de negociações com as centrais para se buscar alternativa ao fator previdenciário. Defende ainda a construção de um ambiente favorável ao fim do financiamento privado de campanhas eleitorais e à convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reformulação do sistema político.
O Sindicato é parceiro do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na manutenção da TVT, a TV dos Trabalhadores, da Rádio Brasil Atual e do portal da RBA. Juvandia acredita que 2015 será um ano de expansão da capacidade dessas mídias de produzir conteúdos “que os outros veículos não dão” e de disputar mais audiência no mundo da comunicação – no qual o governo, segundo Juvandia, também está devendo um marco regulatório que respeite a Constituição e combata o oligopólio – “que tem lado, tem dono e tem interesses”.
Nos últimos dias, o sindicato instalou uma “árvore dos desejos” no centro de São Paulo, que recebeu milhares de bilhetinhos da população que circula pelos calçadões. Os post-its fixados revelam aspirações de dezenas de caligrafias e idiomas. Em seu bilhete, Juvandia pediu “que chova muito, que a água não falte e que a Sabesp (a companhia de saneamento e abastecimento do estado) seja “reestatizada”.
Segundo ela, mais do que a seca, é o estado o principal responsável pela crise hídrica – por “privatizar” os objetivos da Sabesp, que distribui 30% dos lucros em forma de dividendos aos acionistas, com a inversão de prioridades e a ausência de investimentos que poderiam ter evitado para que a crise de saneamento e de fornecimento chegasse ao ponto que chegou.
Nesta segunda-feira 22, a entidade promove a “Corrida dos Desejos”. A atividade encerra a semana da árvore de pedidos, proposta para que “as pessoas reflitam sobre suas aspirações para o futuro” e reúnam energia positiva para buscá-las. A corrida é a aberta ao público e parte às 18h30, da Praça do Patriarca na região central, com destino à Avenida Paulista, altura da Rua Augusta.
Rede Brasil Atual - 22/12/2014
Linha fina
Presidenta do Sindicato deseja para 2015 "chuva, água e a reestatização da Sabesp". Ela admite que Levy, na Fazenda, incomoda, mas vê sinais positivos de Dilma de manterá foco na defesa dos empregos e da distribuição de renda e de inclusão social
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