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Bancários sofrem preconceito no Bradesco

Linha fina
Falta de programa de retorno ao trabalho piora condição de quem recebe alta do INSS; lesionados ainda são alvo de chacota em setores da Cidade de Deus
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São Paulo – “E aí, como foram as férias? Mas que boa vida essa, né?” Comentários irônicos infelizmente são ouvidos cotidianamente por bancários lotados na matriz do Bradesco, a Cidade de Deus, que retornam ao trabalho após alta do INSS. É o que relata uma funcionária da concentração do banco, que teve a saúde comprometida devido às condições inadequadas de trabalho.

“Tenho tendinite causada por tarefa muito repetitiva e estressante. Como essa doença não tem cura, já me afastei mais de uma vez para tratamento. Em todos os retornos fui destacada para mesmo serviço e o problema se agrava novamente. Fico nesse ciclo sem fim”, desabafa. “O pior é que a chefia e até alguns colegas não entendem isso. É muito triste e injusto, parece que adoecemos por querer e não pela situação imposta pelo Bradesco. ”

João Paulo, diretor do Sindicato, destaca que uma das soluções para melhorar a situação dos bancários é a elaboração de um programa de retorno ao trabalho que considere a condição clínica do funcionário e o coloque em ambiente adequado às suas necessidades. O tema vem sendo debatido com o banco e também consta da pauta geral da categoria. As negociações foram interrompidas devido à Campanha 2015, mas devem ser retomadas nas próximas semanas. “Se uma pessoa adoece devido ao trabalho, passa por tratamento, mas é reconduzida ao mesmo local e pressão por resultados, é obvio que a situação se agrava. Por isso é essencial que esse debate seja retomado”, destaca o dirigente sindical.

Carreira congelada – A funcionária revela ainda que, além do preconceito, quem retorna ao trabalho após adoecimento fica sem promoção. Mesmo assim faz alerta importante aos colegas: “O medo de demissão e o congelamento na carreira não podem se sobrepor à nossa saúde. Conheço pessoas que fizeram isso e o resultado é que chegou um momento em que foram demitidas. Algumas conseguiram reverter a dispensa, outras não. A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é nossa maior segurança para preservar nossos direitos e emprego.”

Cipa –  João Paulo reforça que a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) também tem papel essencial nessa luta. “A elaboração de mapa de risco pelos cipeiros serve para detectar os problemas e cobrar soluções do Bradesco. Mas para isso é necessário sempre eleger cipeiros comprometidos com a luta por melhores condições no ambiente de trabalho na Cidade de Deus e demais concentrações.”


Jair Rosa – 7/12/2015
 
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