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Prêmio CineB tem homenagens e protestos

Linha fina
Sétima edição da premiação foi na terça 13. Diretores, realizadores de cinema e entidades que receberam projeto foram homenageados; medidas do governo que congelam gastos públicos foram criticadas
Imagem Destaque
Danilo Motta, Spbancarios
14/12/2016


São Paulo – Uma noite de homenagens e de protestos. Assim foi o 7º Prêmio CineB, repleto de críticas ao governo federal e à aprovação da PEC 55, e de muita celebração àqueles que fazem do cinema brasileiro uma realidade.

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> Fotos: algumas das imagens da noite
> Vídeo: noite de muitas homenagens

A premiação ocorreu na noite da terça-feira 13 – dia em que a medida que congelará investimentos públicos por 20 anos foi aprovada no Senado – e consagrou autores dos curtas e longas exibidos no projeto CineB ao longo do ano. Entidades e universidades que receberam as sessões também foram agraciadas.

Na abertura, foi exibido um vídeo em homenagem ao ator Domingos Montagner, morto em setembro. O ator Ailton Graça, apresentador do evento, lembrou que o CineB exibiu três filmes em que Domingos participa e falou sobre o tempo em que os dois faziam arte circense.

“Ele era um grande palhaço, além de um grande amigo. Saudades, meu irmão!”, disse, arrancando aplausos da plateia.

O diretor Victor Lopes ganhou o troféu por Betinho – A esperança equilibrista. Ao agradecer o prêmio recebido das mãos do presidente da CUT, Vagner Freitas, Lopes criticou a PEC do Fim do Mundo.

“É a pior intervenção estatal na economia dos últimos anos. E outras ainda estão por vir”, criticou, sob aplausos seguidos do coro de “Fora Temer”.

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Kleber Mendonça Filho, diretor de “Aquarius”, também foi ovacionado ao subir ao palco para receber a homenagem entregue por Cidálio Vieira, coordenador do CineB. Em seu discurso, Mendonça ressaltou a importância de projetos como esse, que têm como objetivo difundir o cinema brasileiro em bairros periféricos, onde há carência de aparelhos culturais. Lembrou, também, que seu filme teve estreia no CineB em setembro.

“Eu tive um ano muito corrido e agora é muito significativo para mim estar aqui recebendo este prêmio. Projetos como este precisam ter vida longa”, afirmou. 

Cinema e realidade – Mendonça analisou os paralelos entre seu filme e o contexto político pelo qual o Brasil está passando. Contou que começou a escrever o roteiro de Aquarius em 2012 e realizou as filmagens em agosto e setembro de 2015. Segundo o diretor, no início do processo de produção era impossível prever que o país chegaria à atual conjuntura.

“Se a gente olhar para a história da cultura, aconteceram algumas vezes de filmes, peças ou livros captarem alguma coisa no ar e o que eles são como obras artísticas se misturar de uma maneira muito interessante e controversa com o que está acontecendo na realidade”, analisou. “Ano passado eu não teria sido capaz de imaginar o que nós estamos vendo hoje nas ruas politicamente e do ponto de vista de uma democracia completamente esmigalhada em relação ao que a gente tinha um ano atrás. Eu termino achando muito bonito, de certa forma, e muito impressionante o que aconteceu com o filme, porque acho que houve uma sintonia muito orgânica entre o que a gente fez no filme e o que a gente está vivendo hoje como cidadãos brasileiros”, completou.

Atores e diretores que não puderam estar presentes na cerimônia – como Anna Muylaert, Lázaro Ramos e Luiz Villaça – gravaram seus depoimentos, que foram exibidos ao público.

Ao todo, o 7º Prêmio CineB premiou 13 longas e 16 curtas – incluindo os do Festival Noia de Cinema Universitário, que teve parceria com o projeto este ano –, além das comunidades e universidades que receberam as sessões.Confira:
 
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