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90 anos - Perfis

                                                  
    

    Dentre os milhões de trabalhadores que construiram a história da categoria bancária, muitos se destacaram durante toda a trajetória de luta sindical e política que permeia os 90 anos do Sindicato. Seria impossível colocar todos, então alguns protagonistas foram destacados em nome de todos aqueles que doaram um pouco, muito ou toda sua vida pela democracia e a justiça social.
    
    Aqui serão destacados anônimos que, "por traz das câmeras", solificaram os bancários como uma das categorias mais expressivas da classe trabalhadora e da sociedade brasileira.
    
    A cada semana, um personagem novo. Fica o convite para você voltar aqui sempre para conhecer e se inspirar. Afinal, quem está escrevendo a história agora é você.
     


    Nelson Silva

    Paixão pela luta sindical é o que constrói a história

    Ainda na década de 1950, um jovem vistoso e animado prepara-se para frequentar os charmosos bailes do sétimo andar do edifício Martinelli, na sede do Sindicato. A entrada era permitida somente aos bancários sindicalizados e ele era estafeta, assim eram chamados os office boys à época. Entrar para a categoria, no caso para curtir a domingueira dançante, se tornaria um dos maiores feitos da sua vida.
    
    O jovem era Nelson Silva, que se tornaria um dos grandes dirigentes da história do Sindicato. Ele conseguiu o trabalho no banco Irmãos Guimarães, voltou ao baile outro dia, e daí em diante, a vida foi uma mistura de paixão pela luta sindical e amor pela boemia. “Fui fazer a entrevista. Gostaram de mim e falei: ‘e aí, começamos amanhã?’. Me perguntaram se eu tinha terno, gravata. E eu não tinha. Ele disse, ‘ah, pede pra algum amigo!’. Sei que vesti o ternão e me apresentei na agência. A molecada já fez um samba quando eu entrei: ‘engole ele, engole ele paletó, engole ele paletó!’. E eu pensei... ‘faltam 15 dias para o pagamento e eu vou ter de aguentar isso aqui’. Primeiro salário, fui no brechó e comprei o terno mais bonito.” Leia a íntegra do perfil.
     


    Consuelo de Toledo Silva

    Consuelo mostra que quem veste saia não foge à luta

    Aos 88 anos, a primeira mulher a participar das assembleias do Sindicato, ainda na década de 1950, define-se como revolucionária e apaixonada pela luta incessante em busca de igualdade e justiça

    São Paulo - Jovem, revolucionária, rebelde com causa, amante da poesia. Aos 32 anos, Consuelo de Toledo Silva foi a primeira mulher a integrar a direção do Sindicato, em 1957. A trajetória foi rápida, já que se tornou bancária em 1952, quando saiu de Campinas, onde nasceu, e veio para São Paulo. Orgulha-se do registro em sua carteira de trabalho: Banco Comércio e Indústria de São Paulo, como datilógrafa e copista.
    
    Em 1954, já flertava com o Sindicato e debatia com as trabalhadoras sugerindo a participação feminina na entidade. Após um papel tímido das bancárias, em 1957 o Sindicato ganhou suas primeiras diretoras: Consuelo e Maria Aparecida Galvão. No mesmo ano, a categoria conquistou a almejada jornada de seis horas para todos os funcionários dos bancos e a aposentadoria por tempo de serviço. Leia a íntegra do perfil.
    
     


    Seu Pereira

    A ditadura prendeu até o Seu Pereira

    Apesar de não ter nenhuma relação com o mundo “subversivo”, o funcionário do Sindicato foi preso duas vezes pelo regime militar, só por distribuir a Folha Bancária e contribuir com o movimento sindical

    São Paulo - O Sindicato, em todos os seus 90 anos, reúne milhares de histórias que merecem ser registradas. Dirigentes e funcionários da entidade que, mesmo nas funções mais simples, viveram a rotina de lutar e trabalhar pelo fortalecimento da democracia. Seu Pereira foi um deles.
    
     Em 1963, o Sindicato já era muito bem estruturado. Ocupava todo o sétimo andar do Edifício Martinelli. Tinha uma boa biblioteca — com mais de sete mil volumes — um auditório com cabine de projeção de cinema, barbearia, um pequeno restaurante e também a gráfica, onde a Folha Bancária era impressa. Antonio Augusto Pereira foi contratado em março daquele ano para trabalhar como motorista da Kombi “zerinho” que o Sindicato acabara de comprar para fazer a distribuição do jornal. Mas exerceu por pouco tempo essa função. Como tinha um metro e noventa de altura, sentia dores nas costas por trabalhar com a Kombi. Um diretor, achando que ele já estava “muito velho” para dirigir no “trânsito caótico” de São Paulo, achou melhor registrá-lo na categoria “serviços gerais”. Leia a íntegra do perfil.


    Dedé e Banda do Peru

    Centro é palco para artistas e lutas da categoria

    São Paulo - Cerca de 2 milhões de pessoas circulam diariamente pela região central da cidade de São Paulo. Esse espaço representa geograficamente 0,5% de todo o município. Os calçadões do centro novo e velho, fechados para o trânsito de carros, são palco perfeito para os artistas de rua e para as mobilizações dos trabalhadores e dos movimentos sociais. É assim há muitos anos e quem frequenta o Edifício Martinelli, onde funciona a sede do Sindicato, vive, naturalmente, um pouco dessa cultura urbana.
    
      São estátuas vivas, cantores, violinistas, comediantes que se misturam a passeatas e protestos que clamam por direitos e uma sociedade justa. Muitos desses artistas fizeram parte da construção da história da categoria. As manifestações organizadas pelo Sindicato são acompanhadas por bandas de música, em uma tradição que vem desde os anos 1950. Sempre foi uma forma de chamar atenção e mostrar que os bancários estavam nas ruas reivindicando. E assim é até hoje.
    
     Dedé (foto acima) e a Banda do Peru (foto abaixo) são bons exemplos desse casamento entre arte e protesto. Divertiram quem passava pelas ruas do Centro desde a década de 1970, animando manifestações e greves da categoria bancária. No ano passado, a região perdeu um pouco dessa alegria com a morte do cantor Dedé, aos 61 anos, e do saxofonista e líder da banda, o Seu Peru, aos 75 anos.
    Leia a íntegra do perfil.
     


    Manolo Castaño Blanco

    Manolo: dirigente superlativo em todas as artes

    A história do bancário do safra é emblemática dos trabalhadores que dedicaram boa parte de suas vidas e carreiras profissionais à luta pelos direitos da cidadania, igualdade e inclusão social

    São Paulo - Filho de espanhóis que migraram para o Brasil, duas irmãs, o caçula de mãe católica praticante era ateu convicto, mas fez questão de batizar os filhos na igreja. A descrição define a personalidade de Manoel Castaño Blanco, diretor do Sindicato nos idos de 1990 e início deste século. Dirigente de personalidade forte, dedicado, Manolo empregava seu tempo a pensar e repensar meios geniais, quase nunca ortodoxos, de fazer a ação sindical virar notícia e se tornar efetiva. Técnico em eletrônica, tinha conhecimento e capacidade de pós-graduado em física, química, matemática, além de mestre em besteirol científico. Ninguém o vencia em conhecimentos “professorais” e, quando acuado, não usava qualquer pedagogia dos oprimidos. Em boa parte, vencia as polêmicas por desistência do contendor. Leia a íntegra do perfil.
     


    Quadra

    Dos bancários e de todos os trabalhadores

    São Paulo - Em 2013, completo 33 anos. E mesmo me considerando bem jovem já presenciei muita coisa. Algumas definitivamente marcantes. Recordo, como se fosse ontem, do debate entre dois “Luizes”, que representavam, no início dos anos 1980, parte do passado, do presente e do futuro de uma nação. Naquela ocasião, Luiz Carlos Prestes, revolucionário do início e meados do século passado, e um tal Luiz Inácio, sindicalista e ex-peão de fábrica, deram uma verdadeira aula de história. Todos, e olha que tinha muita gente, saboreavam cada palavra dita por eles.
    
      Após aquele encontro, passei a ter a sensação de que as coisas ocorriam com muita rapidez. Nos anos 1980, tive a oportunidade de assistir às apresentações de artistas como Lô Borges, Belchior e Ed Motta. Também teve um cara de cavanhaque e óculos escuro, um maluco beleza, subindo ao palco ao lado de outro doido, chamado Marcelo Nova, num show de rock de arrepiar. Nem sequer podia supor que aquela apresentação, em 26 de novembro de 1988, seria uma das últimas de Raul Seixas, morto no ano seguinte. Leia a íntegra do texto.


    Presente e Futuro

    Sangue novo para próximas décadas de luta

    São Paulo - Felipe tem 26 anos. É bancário desde 2006, quando foi atraído por um salário que considerava bom o suficiente para custear a faculdade, além de outras despesas da sua vida pessoal. Jovem e animado, começou a trabalhar em uma agência bancária.
    
     Não era o primeiro emprego da vida de Felipe. De família humilde, aos 13 anos já vendia coxinha nas ruas do bairro onde morava para ajudar na renda. Antes de ser contratado pelo banco, trabalhou em uma livraria. Ele é um dos cerca de 51 mil bancários de São Paulo, Osasco e região com menos de 30 anos. Os trabalhadores com essa faixa etária representam 35,9% da categoria na base do Sindicato.
    
    Felipe é um nome fictício usado para preservar a história desse bancário que luta ao lado do Sindicato por mais conquistas, direitos e melhores condições de trabalho. Leia a íntegra do texto