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Estudante acusa USP de omissão em caso de estupro

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Depoimentos restritos dados a CPI na Assembleia Legislativa revelam repetição de abusos contra mulheres
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São Paulo – Em depoimento a CPI na Alesp, uma estudante acusou a direção da Universidade de São Paulo (USP) de omissão em caso de estupro que disse ter sido vítima em festa promovida pela Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz, da Faculdade de Medicina.

Os relatos foram dados na quinta 9, na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as violações dos direitos humanos e demais ilegalidades nas universidades paulistas. Os depoimentos foram dados em audiência restrita com nomes mantidos em sigilo a fim de não prejudicar posterior ação do Ministério Público baseada no relatório final da comissão.

A universitária afirmou que caso ocorreu na chamada Festa dos Carecas. Lembra-se de ter tomado duas tequilas e depois acordar no hospital, junto com os diretores da Atlética. Soube, depois, que havia sido carregada até lá, após ter sido encontrada desacordada com um funcionário da USP em cima dela.

Apesar de ter entrado em contato com a direção da universidade relatado o ocorrido, afirma que não foi aberta sindicância para investigar a denúncia.

Ela afirma que também tentou chamar um dos diretores da Atlética para ser testemunha em denúncia, mas a resposta foi negativa sob a alegação de que não podia ter certeza do estupro. O caso tornou-se conhecido como "a estudante que transou com um segurança" e virou motivo de preconceito e chacota.

Mesmo sem apoio, denunciou a violência ao Ministério Público no meio do ano passado para procurar reparação e hoje diz se sentir mais protegida. "Tenho uma rede de apoio institucional. Sozinha não teria conseguido".

O caso citado foi o segundo que disse ter passado. O primeiro fora na semana de recepção. "Um dos diretores da Atlética, conhecido por assediar sistematicamente as calouras, sob o pretexto de me acompanhar para um happy hour, me puxou para um depósito de materiais e tentou me estuprar, baixando minhas calças."

Depois do ocorrido, o veterano passou a espalhar o caso como se tivesse sido sexo consensual. A estudante relatou que essas situações "misóginas, machistas e perversas são recorrentes". "Fico impressionada ao ouvir os relatos, as histórias se repetem", destacou.

"Putas" - No relato anterior, outra estudante contou dois casos em que foi vítima.

Na primeira vez, estava em um carro com amigos quando um dos rapazes, com o qual costumava "ficar", abriu o zíper da calça e puxou sua cabeça para que fizesse sexo oral; na segunda, estava no quarto de uma amiga quando o mesmo rapaz tentou convencê-la a fazer sexo com ele e com o namorado da amiga. Ante as negativas, o rapaz foi embora, mas a estudante permaneceu na casa. Ao acordar, estava nua, com uma camisinha presa no ânus. Confusa, sem saber o que estava acontecendo, procurou o namorado da amiga para ouvir sua explicação, mas o rapaz apenas dizia "tá bom, tá bom". "Não fiz boletim de ocorrência, porque achava que só ia me expor. Senti muita humilhação".

Contou, ainda, que os veteranos costumam chamar as calouras de putas e numa repetição sistemática, assediam as meninas como se fossem os donos delas.

Ela guardou segredo até 2013, quando resolveu contar ao marido, pois "acordava chorando". Quando soube pela mídia das audiências públicas da Comissão de Direitos Humanos, sentiu alívio. "Soube que o que aconteceu não foi só comigo; é verdadeiro".

Uma terceira depoente fez seu relato à CPI sem a presença da imprensa por temer represálias. Todos os depoimentos serão enviados ao Ministério Público.

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Redação, com informações da Alesp - 9/1/2014

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