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Bradesco segue lucrando e demitindo

Linha fina
Banco aumentou em 25% seus resultados e cortou quase cinco mil postos de trabalho em 2014
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São Paulo – O Bradesco segue aumentando seus resultados de forma substancial. Em 2014, o banco apresentou lucro líquido ajustado de R$ 15,359 bilhões, variação de 25,9% em relação a 2013, quando acumulou R$ 12,2 bilhões.

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Ao mesmo tempo em que experimentou crescimento do lucro, o Bradesco demitiu milhares de trabalhadores. O número de empregados caiu de 100.489 em dezembro de 2013 para 95.520 em dezembro de 2014, ou seja, 4.969 postos de trabalho eliminados em 12 meses, sendo 3.329 apenas nos últimos três meses do ano. O número de correntistas ativos do banco, por outro lado, cresceu 0,4% chegando a 26,5 milhões. Isso significa que cada bancário é responsável por administrar 277 contas correntes.

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“Os resultados divulgados refletem a realidade vivida pelos trabalhadores, que sofrem com o assédio moral e com cobranças excessivas para o atingimento de metas abusivas, o que explica esse lucro obsceno”, avalia a diretora executiva do Sindicato Neiva Ribeiro. “Por outro lado, o banco corta postos de trabalho mesmo ganhando novos clientes, o que leva a ainda mais sobrecarga de trabalho nos bancários remanescentes, mais cobranças por metas, mais assédio moral e, o que é mais grave, mais doenças mentais como depressão e síndrome do pânico, que são verdadeiras epidemias no ambiente bancário”, afirma.

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O Bradesco também reduziu sua rede de agências e postos de atendimento. As agências caíram de 4.674 para 4.659 e os postos de atendimentos sofreram redução de 3.586 para 3.486. Já a rede de correspondentes bancários cresceu 6,7%, chegando a 50.006 pontos de atendimento.

Apesar desse quadro, as receitas de tarifas e prestação de serviços chegaram a R$ 21,8 bilhões, com alta de 12%. Apenas com essa receita, o Bradesco cobre 151% do total de despesas de pessoal.

Números – De acordo com o balanço divulgado pelo banco na quinta-feira 29, o resultado reflete: maiores receitas com a margem financeira de juros; maiores receitas de prestação de serviços; maior resultado operacional de seguros, previdência e capitalização; despesas de pessoal e administrativas, que variaram abaixo dos índices de inflação no período.

Os ativos totais, em dezembro de 2014, registraram saldo de R$ 1,032 trilhão, crescimento de 13,6% em relação ao saldo de dezembro de 2013.

A carteira de crédito expandida, em dezembro de 2014, atingiu R$ 455,127 bilhões, com evolução de 6,5% em relação ao saldo de dezembro de 2013. As operações com pessoas físicas totalizaram R$ 141,432 bilhões (crescimento de 8,2% em relação a dezembro de 2013), enquanto as com pessoas jurídicas atingiram R$ 313,695 bilhões (crescimento de 5,8% em relação a dezembro de 2013).

As receitas de operações de crédito subiram 11,4%, bem acima do crescimento da carteira de crédito em si, o que indica que as taxas de juros cobradas pelo Bradesco em seus empréstimos tiveram alta em relação a 2013.

Aos acionistas foram pagos e provisionados, a título de juros sobre o capital próprio e dividendos, R$ 5,055 bilhões relativos ao lucro gerado em 2014.

O índice de inadimplência superior a 90 dias manteve-se estável nos últimos doze meses, e encerrou 31 de dezembro de 2014 em 3,5%. Ainda assim, as despesas de PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) atingiram R$ 14 bilhões com elevação de 7,2% em relação a 2013.


Rodolfo Wrolli – 29/1/2015

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