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Caminho livre para aumento na conta de água

Linha fina
Em meio à crise de abastecimento, Sabesp quer elevar valores além do autorizado pela agência reguladora menos de seis meses após último reajuste; enquanto isso, acionistas embolsarão R$ 253 milhões e grandes consumidores pagam muito menos
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São Paulo – Em meio à crise de abastecimento de água sem precedentes e com a recente revelação de que grandes empresas e bancos pagam muito menos pelo serviço, a Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp) autorizou na segunda-feira 30 a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a reajustar as contas de água e esgoto em 13,8%.

Mas a Sabesp quer um reajuste ainda maior, segundo o jornal Folha de S. Paulo. “O aumento está aquém do que tínhamos calculado”, declarou Rui Affonso, diretor financeiro da empresa.

O aumento vale a partir de 11 de abril, pouco mais de quatro meses depois do reajuste anterior, de 6,49%, que entrou em vigor em dezembro. Essa majoração deveria ter sido aplicada em abril do ano passado, mas foi adiada para depois das eleições nas quais o governador Geraldo Alckmin foi reeleito ainda no primeiro turno.

Em 2013, a Sabesp lucrou R$ 1,9 bilhão. No ano passado esse valor caiu para R$ 903 milhões, dos quais R$ 253 milhões foram pagos aos acionistas na forma de dividendos.  

“Sob essas condições de crise de abastecimento e faltando água na casa das pessoas, a Sabesp ainda tem lucro? Para uma questão essencial e vital como essa a Sabesp ainda prioriza a remuneração aos acionistas?”, critica o geólogo Delmar Mattes, que integra o Coletivo de Luta pela Água e é um dos maiores estudiosos sobre o tema no estado de São Paulo.

Quem paga a conta é você – Uma das justificativas para o aumento na conta é a elevação no ritmo de construção de grandes obras para evitar o colapso no sistema de abastecimento. Entretanto, já em 2004 o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo e a Agência Nacional de Águas condicionaram a renovação da outorga para a exploração do serviço de abastecimento de água e esgoto pela Sabesp à realização de obras a fim de reduzir a dependência do sistema Cantareira. Essas obras nunca foram feitas.

“A prioridade deles é a lucratividade pela água. Está havendo essa lógica de aumentar a receita para executar obras emergenciais que vão ter custos e que deveriam ter sido feitas há muito tempo, então precisam aumentar a tarifa para segurar a lucratividade e bancar essas obras”, ilustra Delmar.


Rodolfo Wrolli – 1º/4/2015
 

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