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CineB exibe Sabotage na Cracolândia

Linha fina
Parceria entre projeto apoiado pelo Sindicato e programa Braços Abertos exibiu, na Alameda Dino Bueno, filme que conta a vida do maestro do Canão
Imagem Destaque
São Paulo - “Um bom lugar se constrói com humildade.” O verso, um dos mais famosos do rapper e ator Sabotage, sintetiza com poesia o que foi a chegada do CineB à Alameda Dino Bueno, parte da região central de São Paulo conhecida como Cracolândia. Na quinta-feira 2, a convite do secretário de Direitos Humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy, o projeto apoiado pelo Sindicato chegou com humildade para exibir o documentário Sabotage – O maestro do Canão no meio do fluxo, gíria utilizada para se referir ao local onde se concentram usuários de crack. E com a mesma humildade, e muito carinho e respeito, foi muito bem recebido pelos frequentadores.

> Fotos: galeria da sessão especial

A sessão na Cracolândia foi uma iniciativa pessoal de Suplicy, que assistiu ao documentário no meio da plateia. “Quando vi o filme no Cine Direitos Humanos, gostei tanto que disse ao Ivan 13P e para o Denis Feijão, diretor e produtor do filme, que seria ótimo exibir o documentário em todos os CEUs de São Paulo e também aqui na Cracolândia. Eles acharam uma boa ideia, assim como os coordenadores do programa Braços Abertos e também o prefeito Haddad”, explicou.

Também participaram da sessão o diretor do filme Ivan13P; os produtores Denis Feijão e Arthur Pizza; e Anderson, mais conhecido por Sabotinha, filho mais velho de Sabotage.  “No filme, tem uma cena que ele [Sabotage] fala: `os caras só enquadra nóis, fala que é nóia’. Então, se o cara é nóia, olha como foi a vida dele dez anos antes para estar em uma situação dessa. Então, não é à toa que trouxemos o filme para cá”, diz Anderson.

Para Ivan13P, o documentário pode influenciar positivamente os frequentadores da região. “A história do Sabota pode inspirar a galera para o lado positivo. Ele passou por situações que com certeza muita gente aqui também passou. De certa forma, através dos esforços pessoais, ele conseguiu sair dessa”, afirmou. “É uma honra e uma oportunidade poder ajudar um programa como o Braços Abertos. A gente teve o prazer do Suplicy adotar o filme como ferramenta e ter feito esse convite”, acrescenta Denis Feijão.

Quando teve início a sessão, com pipoca para todos como um bom cinema deve ser, fez-se um silêncio impressionante na Alameda Dino Bueno, interrompido apenas nas cenas que Sabotage aparecia rimando no telão, quando a plateia aproveitava para dançar e cantar junto.

Braços Abertos – Implementado pela Prefeitura no início de 2014, o programa Braços Abertos oferece para dependentes químicos que moram nas ruas de São Paulo a oportunidade de trabalhar com serviços de zeladoria, com remuneração de R$ 15 ao dia, três refeições diárias, atividades de capacitação profissional, atendimento de saúde, além de vagas em hotéis da região central.

Beneficiários do programa desde o início, Luciano e Katia, casal que foi um dos primeiros a ocupar as cadeiras posicionadas para a sessão, falaram sobre a importância da iniciativa para as suas vidas.

“Antes dos Braços Abertos eu morava na rua, na barraca que eu tinha aqui na Dino Bueno. Como ficava só na rua, meu uso de droga era constante. Hoje, graças a deus, eu reduzi bastante, tenho uma moradia e conheci essa mina”, diz o apaixonado Luciano. “Depois que apareceu esse programa, melhorou demais a nossa vida”, completa Katia.

Para o diretor executivo do Sindicato Marcelo Gonçalves, o programa mudou a maneira como o poder público lida com o dependente químico. “É transformador. O programa olha para a carência dessa população, que sofre com a dependência química, não com a lógica da repressão, mas sim para melhorar a vida das pessoas”, diz.

O final – Finalizada a sessão, o que se viu na Alameda Dino Bueno foi uma grande salva de palmas, muitos abraços e uma sessão freestyle de rap, proporcionada por dois moradores da região. O secretário Eduardo Suplicy fez questão de ligar para o prefeito Fernando Haddad para comunicar o grande sucesso da iniciativa.

Emocionado, o coordenador do projeto CineB, Cidálio Vieira, falou sobre a recepção na região. “Não tivemos nenhuma rejeição. As pessoas perguntavam se eu ia mesmo para a Cracolândia, falavam que eu era maluco. Eu respondia que ia sim. E você está vendo que não tivemos nenhum problema, ninguém falando alto, pessoal pedindo licença. Estou super feliz”, afirmou. “O CineB tem o ´b´ de Brazucah Produções, de bancários e agora também de Braços Abertos”, finaliza. 


Felipe Rousselet - 3/7/2015
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