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Itaú não foge à regra com mais lucro e demissão

Linha fina
Banco ganha R$ 11,9 bilhões em seis meses e elimina 2,3 mil postos de trabalho em um ano; resultado astronômico mostra que instituição pode e deve contribuir com a sociedade criando empregos e concedendo mais crédito
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São Paulo – O Itaú apresentou lucro recorrente de R$ 11,942 bilhões no primeiro semestre de 2015, aumento de 25,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas novamente eliminou postos de trabalho. O número de empregados passou de 87.420 em junho de 2014 para 85.028 no final de junho de 2015, queda de 2.392 postos em doze meses. No semestre, a retração foi de 1.164 postos e no trimestre 745.

O produto bancário, que representa as rendas das operações bancárias e de seguros, previdência e capitalização totalizou R$ 50,285 bilhões no primeiro semestre de 2015, apresentando crescimento de 17,5% em relação ao semestre anterior.

“Isso sinaliza aumento das metas e da sobrecarga de trabalho, já que houve redução do número de funcionários e crescimento das rendas provenientes das operações bancárias”, avalia a secretária-geral do Sindicato e bancária do Itaú, Ivone Maria. “Por isso, o eixo prioritário da Campanha Nacional 2015 é a defesa dos empregos, pois nada justifica tantas demissões com essa lucratividade absurda apresentada pelos bancos.”

Mais ganhos com juros – O resultado de tesouraria (TVM) teve crescimento substancial de 95,1% (R$ 14,504 bilhões), totalizando R$ 29,754 bilhões no primeiro semestre do ano. “Esse resultado praticamente dobrou e se deve principalmente ao aumento da taxa Selic e da inflação, comprovando que os bancos ganham muito dinheiro da sociedade com o atual cenário de crise que penaliza toda a população com o aumento dos juros e dos preços”, afirma Ivone.

A carteira de crédito total teve resultado bem mais modesto, alcançando saldo de R$ 566,556 bilhões, com crescimento de 9,3% em relação ao primeiro semestre do ano anterior.

Desconsiderando-se o efeito da variação cambial, a carteira de crédito teria crescido apenas 2,6% no período de 12 meses. “Outra mostra de que os bancos tomam muito da sociedade e dão pouco retorno. Preferem lucrar com a especulação gerada com o aumento da taxa de juros ao invés de conceder crédito para estimular a economia”, critica a secretária-geral do Sindicato.

Mais tarifas e menos agências – As receitas de prestação de serviços, incluindo as rendas de tarifas bancárias, apresentaram crescimento de R$ 1,622 bilhão em comparação com os seis primeiros meses de 2014, totalizando R$ 14,932 bilhões.

O banco também reduziu em 41 o número de agências no país em doze meses: de 3.906 em junho do ano passado, para 3.863 em junho deste ano. Enquanto isso, o número de correspondentes bancários ativos cresceu e totalizou 5.613, contra 4.892 no primeiro semestre de 2014 (crescimento de 14,7%, ou 721 correspondentes a mais).

Outros números – A rentabilidade (ROE) anualizada sobre o patrimônio líquido atingiu 24,8% no segundo trimestre de 2015. O patrimônio líquido ultrapassou R$ 100 bilhões (R$ 100,710 bilhões), com crescimento de 17,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O total de ativos do banco chegou a R$ 1,230 trilhão, variação de 10,7% na comparação de doze meses, principalmente devido ao crescimento dos títulos mobiliários e instrumentos financeiros derivativos e das operações de crédito.

O índice de eficiência do 1º semestre de 2015 atingiu 44,6%, apresentando queda de 3,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior (48,4%). Aqui, a relação é “quanto menor, melhor”.

O índice de inadimplência das operações vencidas acima de 90 dias apresentou queda de 0,1 ponto percentual em relação ao primeiro semestre do ano anterior. Apesar da baixa, a despesa de PDD cresceu 26,2% e totalizou R$ 10,974 bilhões nos primeiros seis meses do ano.

A despesa de pessoal totalizou no primeiro semestre deste ano R$ 8,702 bilhões, variação de 9,5%. Com isso, a relação entre receita de prestação de serviços e tarifas e a despesa de pessoal se ampliou: de 167,4% no primeiro semestre de 2014 para 171,6% em relação a igual período deste ano (variação de 4,2 pontos percentuais).


Rodolfo Wrolli – 4/8/2015
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