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Governo Alckmin prepara 'guerra' contra ocupações

Linha fina
Em reunião com dirigentes de escolas estaduais, braço-direito do secretário de Educação anuncia que decreto da "reorganização" sai na terça e lança estratégia para "isolar" e "desmoralizar" as escolas em luta, com apoio da PM
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São Paulo – Em reunião realizada na manhã de domingo 29, na antiga escola Normal Caetano de Campos, a primeira escola pública de São Paulo na era republicana, cerca de 40 dirigentes de ensino do Estado de São Paulo receberam instruções de Fernando Padula Novaes, chefe de gabinete do secretário de Educação, Herman Voorwald, sobre como deverão agir a partir de segunda 30 para quebrar a resistência de alunos, professores e funcionários que estão em luta contra a reorganização escolar pretendida pelo governador Geraldo Alckmin.

O coletivo Jornalistas Livres estava lá e escutou o chefe de gabinete anunciar para os dirigentes de ensino que o decreto da "reorganização sai na terça-feira [dia 1º]". Segundo ele, "estava pronto na quinta passada [26] para o governador assinar", mas pareceria que o governador não "tinha disposição para o diálogo". A maioria na sala (todos "de confiança" do governo), suspirou de alívio, e Padula emendou: "Aí teremos o instrumento legal para a reorganização".

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Trata-se de uma gravação esclarecedora, que merece ser ouvida em sua íntegra pelo que tem de revelador. Nela, o chefe de gabinete Padula repete inúmeras vezes que todos ali estão "em uma guerra", que se trata de organizar "ações de guerra", que "a gente vai brigar até o fim e vamos ganhar e vamos desmoralizar [quem está lutando contra a reorganização]". Fala-se da estratégia de isolar as escolas em luta mais organizadas. Que o objetivo é mostrar que o "dialogômetro" do lado deles só aumenta, e que a radicalização está "do lado de lá".

> Escute o áudio da reunião 

Também importante foi o ponto em que o chefe de gabinete falou da estratégia de "consolidar" a reorganização. A ideia é ir realizando as transferências, normalmente, deixando "lá, no limite" aquela escola que estiver "invadida". Segundo ele, o máximo que ocorrerá será que aquela escola "não começará as aulas como as demais".

Apoio da polícia – A reunião mencionou também o papel de apoio que a Secretaria de Segurança Pública, do secretário Alexandre de Moraes, está tendo, fotografando as placas dos veículos estacionados nas proximidades das escolas, e identificando os seus proprietários. Com base nessas informações, a Secretaria de Educação pretende entrar com uma denúncia na Procuradoria Geral do Estado contra a Apeoesp.

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Padula contou como procurou o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, "A gente precisa procurar todo mundo, não é?", dele recebendo a orientação para responder aos que se opõem à "reorganização". "Vocês precisam responder", teria dito dom Odilo ao chefe de gabinete do secretário Herman Voorwald. Dom Odilo teria afirmado ainda que "as ocupações nas escolas têm o objetivo de desviar o foco de Brasília".

Foi interessante notar que a mesma reunião que insistia em denunciar a presença de partidos e organizações radicais entre os meninos e meninas contou com o anúncio solene da presença de um militante do Movimento Ação Popular, ligado ao PSDB e presença frequente nas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.


Laura Capriglione, do Jornalistas Livres – 30/11/2015
 
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