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Impeachment aprofunda crise, diz presidente da CUT

Linha fina
Vagner Freitas chamou Michel Temer de "golpista de terceiro nível". Movimentos farão protesto nacional no próximo dia 10, antes de votação no Senado
Imagem Destaque

São Paulo – "O impeachment aprofunda a crise", afirmou o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, último a falar antes do discurso de Dilma Rousseff nas comemorações do Dia do Trabalhador, no domingo 1º, no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo. "Os golpistas estão vendendo a ideia de que o país sai da crise (com o impedimento)", acrescentou, anunciando um dia nacional de paralisação, no dia 10, na véspera da votação no Senado.

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O dirigente (foto) criticou diretamente o vice-presidente, Michel Temer. "Na nossa opinião, Temer é um golpista. golpista de terceiro nível", afirmou. "Ele só tem aceitação de 1% da população", disse Freitas, para quem há um "sentimento" de que o impeachment representa um golpe sendo imposto à sociedade. "Hoje, a opinião pública é contra o golpe", afirmou, citando pesquisa do instituto Vox Populi, encomendado pela central, que mostra, conforme ressaltou, "que o impeachment não resolve os problemas do país".

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Para o presidente da CUT, Dilma está sendo julgada "pelos ganhos que os trabalhadores tiveram" em seu governo e no do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "São esses ganhos que os golpistas querem tirar."

O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, disse a presidenta que a entidade não apoia o governo, mas que o objetivo dos movimentos é "enterrar" o golpe, que segundo ele é "sobretudo contra a democracia, a classe trabalhadora, as mulheres, os negros". Ele defendeu a taxação de grandes fortunas e criticou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o banco Itaú, por apoiarem o golpe.

"Vamos chacoalhar este país. Eles querem a paz dos cemitérios. Não vai passar a terceirização, não vai passar a flexibilização de direitos", afirmou Índio. "Presidenta Dilma, saiba que este povo vai lutar, vai resistir, e nós vamos construir a vitória da democracia, da classe trabalhadora e dos direitos sociais."

O presidente da CTB, Adilson Araújo, também falou em resistência. "A mesma esperança que derrotou o medo pode também derrotar o terrorismo. Criaram um Estado de terror após as eleições", afirmou, criticando a ofensiva conservadora contra direitos e a democracia. Além da pressão no Senado, para tentar barrar o impeachment ("A presidenta não cometeu crime de responsabilidade"), ele também admitiu a realização de um plebiscito sobre eleições diretas como alternativa contra a crise política.

Unidade - O ato de 1º de Maio no Anhangabaú é convocado pelas centrais CUT, CTB e Intersindical, mas o secretário-geral da UGT, Francisco Canindé Pegado, esteve presente e pediu unidade entre as entidades para que não haja perda de direitos sociais e trabalhistas. "O caminho para o movimento sindical é manter-se unido. Qualquer que seja a situação, os direitos dos trabalhadores têm de ser garantidos."

Entre dirigentes sindicais, há posições favoráveis e contrárias ao impeachment, o que levou a divergências internas entre algumas centrais. "Tem de separar partido de sindicato", comentou Pegado. "Sindicato tem de negociar. Depois (do processo) todo mundo tem de estar junto de novo."

No final de abril, o presidente da UGT, Ricardo Patah, participou de reunião com o vice-presidente, Michel Temer, que recebeu uma pauta de reivindicações. Também estavam lá o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), favorável ao impeachment e articulador do encontro, e ainda os presidentes da CSB, Antonio Neto (que é do PMDB), e da Nova Central, José Calixto. A reunião foi mal vista por outras centrais.

Douglas Izzo - O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo (foto ao lado), avaliou que Dilma Rousseff foi "precisa" em seu discurso ao delimitar as forças em disputa na questão do impeachment.

"Especificou porque é golpe, estabeleceu os dois campos e anunciou medidas importantes para os trabalhadores e para os movimentos sociais", afirmou o dirigente.

Para Douglas, o discurso e a atividade fazem com que os movimentos iniciem a semana "motivados" para fazer as mobilizações contra o impeachment, também preparando um dia nacional de luta, dia 10, véspera de votação no Senado. Mas, ao mesmo tempo, avaliam o que fazer em caso de afastamento de Dilma. "Temos de nos preparar para os ataques (a direitos), preparando grandes paralisações e enfrentamento nas ruas."


Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual, com edição da Redação - 2/5/2016

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