São Paulo – A luta contra o aumento das demissões no Bradesco continua. Nesta terça-feira 10 a abertura do prédio da Nova Central, concentração do banco no centro de São Paulo, foi atrasada em protesto. Somente no primeiro trimestre, 1.466 postos de trabalho foram extintos, mesmo com lucro no período de R$ 4,113 bilhões. Nas últimas semanas, as homologações feitas no Sindicato praticamente dobraram – um indicativo de que o ritmo das dispensas está com mais intensidade ainda.
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“Nós não vamos aceitar que o Bradesco compre o HSBC e penalize os funcionários com demissões e sobrecarga de trabalho. Os protestos e paralisações vão continuar até que o banco interrompa esse processo de demissão em massa”, disse Vanderlei Alves, dirigente sindical e bancário do Bradesco.
Na sexta 6, o Sindicato parou três agências na região central, durante o dia todo, também em protesto contra as demissões.
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“O pessoal está com medo”, relatou um funcionário do setor de câmbio. “O banco lucra tanto. não entendo porque está demitindo. E quando manda embora, não coloca ninguém para substituir, e isso acaba sobrecarregando todo mundo”, afirmou.
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Transferência – Além das demissões, os bancários do câmbio ainda têm de lidar com outra preocupação. Correm rumores de que o departamento será transferido para o Casp – um centro administrativo do HSBC onde sobram reclamações. Os funcionários daquele prédio enfrentam ou já encararam problemas estruturais como umidade, carpete mofado, ar condicionado com mau funcionamento, goteiras e até pragas como ratos e pombos. E ainda tem o problema da localização. O edifício é muito longe do metrô.
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“É outro problema deste processo de venda do HSBC que vai prejudicar a vida de muito bancário do Bradesco”, enfatizou Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato. “O banco não pode transferir um grupo de trabalhadores para um prédio que não oferece condições adequadas. Nós não vamos permitir que o pessoal seja tirado daqui para um lugar pior, mais longe, sem negociação.”
Ameaças – O protesto organizado pelo Sindicato integrou o Dia Nacional de Mobilizações, deflagrado pela Frente Brasil Popular contra a retirada de direitos e pela democracia.
Na Nova Central, dirigentes ressaltaram a importância da participação e da união dos trabalhadores. E reforçaram que os direitos e conquistas são consequência da mobilização e da participação.
“Tudo que os bancários têm é resultado da luta da nossa categoria organizada pelos sindicatos”, frisou Neiva Ribeiro, diretora executiva da entidade e bancária do Bradesco. “Conquistas que estão ameaçadas por um projeto de lei de terceirização que foi votado na Câmara no ano passado, que está no Senado, e que um acordo entre o [vice-presidente] Michel Temer, a Fiesp, a Confederação Nacional das Indústrias e outras entidades patronais, pretende aprovar.
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“Se isso acontecer, não vai sobrar um bancário. Vão todos virar PJ ou terceirizados”, completou Vanderlei Alves. “O Bradesco já está cortando a folha salarial e se ele puder cortar férias, 13º, plano de saúde, vale-alimentação, ele vai cortar, e nós não podemos e não vamos permitir”.
Um bancário ouvia atento. “O país está parado. Essa indecisão é ruim para todos. A Dilma não é exemplo de governo, tem muitas falhas, mas é um risco se o Michel Temer assumir, porque a corrupção não vai acabar e eles não estão nem aí para o trabalhador. São pessoas que vão governar para os ricos”, opinou.
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Rodolfo Wrolli - 10/5/2016