Imagem Destaque
São Paulo – Os bancos públicos: ativo necessário na sociedade brasileira foi o tema da primeira mesa de debates do 1º Seminário Nacional em Defesa dos Bancos Públicos, realizado pela Contraf/CUT, em preparação à Campanha Nacional dos Bancários 2016. O evento foi aberto na manhã da sexta-feira 17, no Hotel Holiday Inn, em São Paulo, e faz parte da programação dos encontros específicos dos bancários da Caixa e do Banco do Brasil, que vai até domingo 19. Um dos objetivos é sugerir aos participantes do 32º Conecef e do 27º Congresso Nacional dos Funcionários do BB uma reflexão mais aprofundada sobre o papel, a importância e as ameaças que os bancos públicos estão enfrentando em momento de retorno da agenda neoliberal, por intermédio do governo golpista e ilegítimo de Michel Temer.
A primeira mesa do seminário contou com a participação dos especialistas em economia Márcio Pochman, ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), e Fernando Nogueira, professor titular do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, que abordaram o tema sobre o sistema financeiro público com base em um viés ideológico, econômico e político.
Márcio Pochman (foto ao lado) foi direto ao ponto: “O papel dos bancos públicos é estratégico para o momento difícil que o Brasil atravessa, dado que o país vive hoje uma das piores recessões de sua história republicana”.
Histórico – Pochman disse que, nas últimas quatro décadas, ocorreram quatro recessões no Brasil, sendo a atual, a quarta e a mais grave, com o registro de queda do PIB pelo segundo ano consecutivo.
A primeira ocorreu durante a ditadura militar (período de 1981 a 1983) e foi caracterizada por atingir pesadamente o mercado interno e pelo fortalecimento do mercado externo, com o crescimento de setores como o do agronegócio. Essa recessão, segundo o ex-presidente do Ipea, até hoje impacta negativamente no cenário nacional, sobretudo por ter levado a uma situação de que “somos um país com indústria, mas com desindustrialização crescente e acelerada”.
O economista afirmou que o segundo período recessivo ocorreu entre 1990 e 1993 (governo Fernando Collor de Melo) e teve como principal objetivo enfraquecer os setores que resistiam à globalização financeira mundial. Para isso, segundo ele, foram utilizados dois grandes mecanismos: a privatização do patrimônio público e a atração de capitais externos especulativos através das altas taxas de juros, ampliando assim o processo de destruição da capacidade produtiva do país.
Márcio Pochman disse ainda que, na terceira onda recessiva vivida pelo Brasil, abrangendo os anos de 2008 e 2009, a solução encontrada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi oposta aos dois períodos anteriores, pois houve redução das taxas de juros e aumento do crédito público. “Isso possibilitou que o país saísse mais forte da crise”, observou.
O economista também classificou a atual e quarta recessão como a mais grave, estando diretamente vinculada a fatores como contexto internacional, crise hídrica e operação Lava Jato, com impactos pesados em setores produtivos como o do petróleo, gás e construção civil, que respondem por quase 40% do PIB. Ele alertou que, na sequência, esses setores estão sendo levados para um processo de internacionalização, com prejuízos para o interesse nacional e público.
Pochman defendeu, por fim, que os trabalhadores estabeleçam uma estratégia que seja positiva não só para os bancos públicos, mas também para as 135 empresas estatais existentes no país. Essa estratégia, segundo ele, precisa definir um norte de atuação do Estado que a classe trabalhadora deseja, de modo a reposicionar o Brasil na quadra internacional.
Diagnóstico – O professor titular do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, Fernando Nogueira (foto abaixo), fez um diagnóstico sobre os bancos públicos. Pontuou que, após a crise de 2008, eles cresceram mais que os bancos privados, e que a crise de junho de 2013 provocou uma retomada das instituições públicas, quando se reconhece um marco de elevação de empresas como Caixa e Banco do Brasil.
Sob tal parâmetro, o professor ainda observou que os empresários passaram a reclamar dos lucros diante do investimento que o Estado passou a adotar nos salários. “O governo dos trabalhadores teve efeito de recuperar os salários para os trabalhadores, mas para os empresários o resultado não foi o esperado por eles. Essa tendência foi mantida até 2015. Período marcado por um ajuste fiscal dramático”, esclareceu.
Para o professor, uma questão a ser considerada no período recente deve-se à competitividade da poupança como gerador de riqueza para o país, tendo a classe média o maior papel nesse desempenho. “Ocorre um fenômeno desconhecido até então, a classe média, com capacidade financeira mais baixa, acabou utilizando fontes de financiamento para a casa própria. Essa classe de trabalhadores foi gerando riqueza com esse investimento. Há um mito em dizer que os ricos é que geram riqueza. Mas não é isso o que os dados mostram”, explicou.
Fernando Nogueira esclareceu que as ações e investimento em relação aos bancos públicos dependem de uma decisão política. Sendo necessária a atuação e cobrança da sociedade. “O valor patrimonial dos bancos públicos, das empresas públicas, é muito maior do que o que o mercado vem apresentando e que mesmo que a decisão do governo que ocupa interinamente a Presidência seja a de privatizar o patrimônio público, a questão não resolveria o problema econômico. O risco é os bancos públicos morrerem de inanição e pela inação de um governo contra a nação”, finalizou Nogueira.
Rede Nacional de Comunicação dos Bancários - 17/6/2016
A primeira mesa do seminário contou com a participação dos especialistas em economia Márcio Pochman, ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), e Fernando Nogueira, professor titular do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, que abordaram o tema sobre o sistema financeiro público com base em um viés ideológico, econômico e político.
Márcio Pochman (foto ao lado) foi direto ao ponto: “O papel dos bancos públicos é estratégico para o momento difícil que o Brasil atravessa, dado que o país vive hoje uma das piores recessões de sua história republicana”.
Histórico – Pochman disse que, nas últimas quatro décadas, ocorreram quatro recessões no Brasil, sendo a atual, a quarta e a mais grave, com o registro de queda do PIB pelo segundo ano consecutivo.
A primeira ocorreu durante a ditadura militar (período de 1981 a 1983) e foi caracterizada por atingir pesadamente o mercado interno e pelo fortalecimento do mercado externo, com o crescimento de setores como o do agronegócio. Essa recessão, segundo o ex-presidente do Ipea, até hoje impacta negativamente no cenário nacional, sobretudo por ter levado a uma situação de que “somos um país com indústria, mas com desindustrialização crescente e acelerada”.
O economista afirmou que o segundo período recessivo ocorreu entre 1990 e 1993 (governo Fernando Collor de Melo) e teve como principal objetivo enfraquecer os setores que resistiam à globalização financeira mundial. Para isso, segundo ele, foram utilizados dois grandes mecanismos: a privatização do patrimônio público e a atração de capitais externos especulativos através das altas taxas de juros, ampliando assim o processo de destruição da capacidade produtiva do país.
Márcio Pochman disse ainda que, na terceira onda recessiva vivida pelo Brasil, abrangendo os anos de 2008 e 2009, a solução encontrada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi oposta aos dois períodos anteriores, pois houve redução das taxas de juros e aumento do crédito público. “Isso possibilitou que o país saísse mais forte da crise”, observou.
O economista também classificou a atual e quarta recessão como a mais grave, estando diretamente vinculada a fatores como contexto internacional, crise hídrica e operação Lava Jato, com impactos pesados em setores produtivos como o do petróleo, gás e construção civil, que respondem por quase 40% do PIB. Ele alertou que, na sequência, esses setores estão sendo levados para um processo de internacionalização, com prejuízos para o interesse nacional e público.
Pochman defendeu, por fim, que os trabalhadores estabeleçam uma estratégia que seja positiva não só para os bancos públicos, mas também para as 135 empresas estatais existentes no país. Essa estratégia, segundo ele, precisa definir um norte de atuação do Estado que a classe trabalhadora deseja, de modo a reposicionar o Brasil na quadra internacional.
Diagnóstico – O professor titular do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, Fernando Nogueira (foto abaixo), fez um diagnóstico sobre os bancos públicos. Pontuou que, após a crise de 2008, eles cresceram mais que os bancos privados, e que a crise de junho de 2013 provocou uma retomada das instituições públicas, quando se reconhece um marco de elevação de empresas como Caixa e Banco do Brasil.
Sob tal parâmetro, o professor ainda observou que os empresários passaram a reclamar dos lucros diante do investimento que o Estado passou a adotar nos salários. “O governo dos trabalhadores teve efeito de recuperar os salários para os trabalhadores, mas para os empresários o resultado não foi o esperado por eles. Essa tendência foi mantida até 2015. Período marcado por um ajuste fiscal dramático”, esclareceu.
Para o professor, uma questão a ser considerada no período recente deve-se à competitividade da poupança como gerador de riqueza para o país, tendo a classe média o maior papel nesse desempenho. “Ocorre um fenômeno desconhecido até então, a classe média, com capacidade financeira mais baixa, acabou utilizando fontes de financiamento para a casa própria. Essa classe de trabalhadores foi gerando riqueza com esse investimento. Há um mito em dizer que os ricos é que geram riqueza. Mas não é isso o que os dados mostram”, explicou.
Fernando Nogueira esclareceu que as ações e investimento em relação aos bancos públicos dependem de uma decisão política. Sendo necessária a atuação e cobrança da sociedade. “O valor patrimonial dos bancos públicos, das empresas públicas, é muito maior do que o que o mercado vem apresentando e que mesmo que a decisão do governo que ocupa interinamente a Presidência seja a de privatizar o patrimônio público, a questão não resolveria o problema econômico. O risco é os bancos públicos morrerem de inanição e pela inação de um governo contra a nação”, finalizou Nogueira.
Rede Nacional de Comunicação dos Bancários - 17/6/2016