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São Paulo - A primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa para investigar o esquema de corrupção e pagamento de propina a membros do governo Geraldo Alckmin (PSDB), em contratos da merenda escolar, confirmou o que estudantes e professores anteciparam: a base aliada do governador não deu espaço ao único deputado de oposição membro do colegiado e escolheu o deputado Marcos Zerbini (PSDB) para a presidência, e Adilson Rossi (PSB, partido do vice-governador, Márcio França), para a viceda comissão.
Além disso, assim que foi eleito presidente, Zerbini tentou marcar uma reunião fechada para escolher o relator e definir o cronograma de trabalho. Foi impedido pela pressão dos estudantes secundaristas e de professores, que lotaram o plenário José Bonifácio, onde ocorreu a primeira reunião. "Golpista. Não me representa", gritavam os estudantes.
Zerbini tentou se defender. "Ninguém nesta comissão vai deixar de investigar nada", disse. E ameaçou retirar os manifestantes do local se os deputados "não fossem respeitados". Mas novamente foi vaiado pelos estudantes. "Tá tudo em casa", cantavam, em referência à base do governador ter oito das nove cadeiras do colegiado.
Nas duas votações o placar foi de oito a um. Único parlamentar da oposição na comissão, o petista Alencar Santana avaliou que esse será o mote dos trabalhos. "As eleições de hoje demonstram como vai funcionar o rolo compressor do governo Alckmin na Casa. Somente muita pressão dos estudantes pode fazer com que a investigação ocorra", afirmou.
O presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Emerson Santos, prometeu que a entidade não vai recuar e acompanhará todas as reuniões. A UPES foi uma das entidades que participaram da ocupação do plenário da Assembleia, dia 3 de maio. "Hoje ficou claro que eles querem estar longe dos olhos da sociedade. Queremos uma investigação séria. O MP denunciou membros do governo Alckmin e o presidente da Assembleia. Eles devem ser convocados."
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Também foi citado o presidente da Assembleia Legislativa paulista, deputado Fernando Capez (PSDB). Todos negam as acusações. Os indícios demonstram que contratos de até R$ 39 milhões teriam sido fraudados.
Depois de acompanhar a primeira reunião da CPI, a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, disse não acreditar em nenhum resultado vindo da Comissão. "O tom foi dado. Maioria arrasadora contra um. Vai ser uma grande enrolação. Não vão fazer a portas fechadas, porque foram pressionados. Mas vai ser isso: chega, senta, finge que faz, cumpre a agenda e vai embora", afirmou.
O presidente da CPI rechaçou afirmações de que a CPI seja governista e garantiu que vai convocar representantes do governo e o deputado Capez. "Mas antes eu preciso ouvir o Ministério Público e a Polícia Civil. Preciso ver os documentos, as provas. Não posso convocar alguém sem ter embasado os questionamentos", disse Zerbini.
Composição da CPI - A CPI é formada pelos deputados Zerbini e Barros Munhoz (PSDB); Santana (PT); Estevam Galvão (DEM), autor do pedido de CPI; Adilson Rossi (PSB); Jorge Caruso (PMDB); Gilmaci Santos (PRB); Coronel Camilo (PSD); e Delegado Olim (PP). O PT reclama que a oposição deveria ocupar uma segunda vaga na comissão.
Somente três vagas foram preenchidas diretamente pelos partidos. As demais foram definidas por Fernando Capez, porque nenhum partido atingiu o coeficiente eleitoral, de acordo com o Regimento Interno da Casa. O argumento foi contestado. "O PTB tem dois deputados e participa de CPIs. O PP tem três e também participa. O Psol tem dois e nunca foi incluído em uma CPI. O presidente podia ter sido mais imparcial", afirmou João Paulo Rillo (PT). O partido ameaça ir à Justiça para garantir outra vaga.
A reunião seguinte vai ocorrer na terça-feira 28, às 10h. Deverá ser feita a escolha do relator, a definição do cronograma de trabalho e a apreciação de requerimentos. PT e Psol apresentaram 29 pedidos, entre convocações e solicitações de documentos.
Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual - 22/6/2016
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