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Ofensiva sobre Petrobras é pior que a de 1995

Linha fina
Para coordenador do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, projeto do pré-sal é apenas o primeiro passo de desmonte do modelo de partilha. E plano de desinvestimentos será acelerado
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São Paulo – O Conselho de Administração da companhia aprovou em 28 de julho a venda, para a Statoil Brasil Óleo e Gás, de sua participação em bloco na Bacia de Santos. No mesmo dia, a diretoria executiva autorizou negociações com a empresa mexicana Alpek, do setor petroquímica para alienação da participação da Petrobras na Companhia Petroquímica de Pernambuco (PetroquímicaSuape) e na Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe). Todas as operações fazem parte do Plano de Parcerias e Desinvestimentos da estatal brasileira. Uma série de equívocos, diz o ex-conselheiro Deyvid Bacelar, coordenador do Sindicato dos Petroleiros da Bahia. "A conta está sendo paga", afirma.

A "conta", no caso, é atender a interesses de apoiadores do impeachment. O dirigente avalia que a ofensiva em curso sobre a Petrobras é pior que a de meados dos anos 1990 (governo FHC), quando a direção da companhia chegou a apresentar um novo nome, Petrobrax, alegando necessidade de inserção internacional. Com o atual desgaste da imagem da empresa, torna-se mais difícil, acredita Deyvid, convencer a sociedade sobre as consequências da privatização. "Durante dois anos, eles conseguiram trabalhar o imaginário da população brasileira."

Segundo ele, o endividamento da empresa existe, mas a maior parte é a partir de 2020. "Não justificaria se desfazer de tantos ativos. É ruim para a empresa, para os empregados e para o país", afirma. O sindicalista e ex-conselheiro prevê resultados negativos para a companhia à medida que a Petrobras desfaz um sistema integrado e passa a se concentrar apenas em exploração e produção, tornando-se mais sensível às oscilações dos preços do barril no mercado internacional. "O movimento que as empresas de energia no mundo fizeram foi integrar a sua cadeia."

Deyvid também lamenta a decisão da nova direção da Petrobras em relação à BR Distribuidora. A empresa informa estar buscando parceiros "com os quais compartilhará o controle" da subsidiária, ficando com participação de 49% no capital votante. "É privatização, sim, ao contrário do que diz o atual presidente, Pedro Parente", reage.

Ele observa que a distribuidora atua hoje em mercados que não interessariam a investidores internacionais, como Amazonas, Roraima, Acre, Amapá, "os rincões aqui do Nordeste". "Sem falar na política de preços, que não podemos dizer como ficará".

Os petroleiros também se preparam para uma "luta árdua" na Câmara, onde tramita o Projeto de Lei (PL) 4.567, originário do Senado, que retira a obrigatoriedade de presença da Petrobras como operadora única dos blocos no regime de partilha de produção em áreas do pré-sal.  Duas semanas atrás, foi aprovado regime de urgência para o texto, e a votação está prevista para 9 de agosto. Na quinta 4, uma representação deve ser reunir com a presidenta Dilma Rousseff.

"A retirada da Petrobras como operadora única e com participação mínima de 30% (nos consórcios) é apenas o primeiro passo", afirma Deyvid, que fala em "desmonte" do modelo de partilha. Os passos seguintes deverão atingir a política de conteúdo local e o Fundo Soberano. "E trazer de volta o regime de concessão, tão sonhado pelos deputados do DEM e do PSDB", diz o sindicalista, para quem o plano de desinvestimentos será acelerado daqui em diante.

O bloco objeto da venda anunciada hoje (BM-S-8) é operado atualmente por Petrobras (66%), Petrogal (14%), Queiroz Galvão Exploração e Produção (10%) e Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás (10%). A meta da empresa para o plano é de US$ 15,1 bilhões no período 2015/2016.


Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual - 3/8/2016
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