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Menos de 10 anos de vida com aposentadoria

Linha fina
Reforma da Previdência de Temer ignora que a expectativa de vida de 75,1 anos não é uma realidade em todas as regiões do país. Homens do Nordeste, por exemplo, vivem em média 68,4 anos e, se proposta passar, teriam apenas 3,4 anos do benefício após uma vida inteira de trabalho
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Fenae
3/1/2016


São Paulo – A reforma da Previdência enviada pelo governo federal ao Congresso Nacional tem como ponto central, entre outros aspectos, a idade mínima de 65 anos para concessão do benefício aos trabalhadores urbanos e rurais, desde que completem ao menos 25 anos de contribuição. A regra valerá para todos, diferentemente da condição atual que prevê 55 anos para mulheres e 60 para homens.

O governo considera a expectativa de vida média da população brasileira, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 75,1 anos. Especialistas apontam o processo de envelhecimento acelerado no Brasil, com estimativa de que pessoas com mais de 60 anos correspondam a 33% da população em 2060, ante os atuais 11,7%.  A realidade, porém, não é a mesma em todas as regiões. Quanto mais carente o lugar, pior a situação.

De acordo com o IBGE, a expectativa de vida de um brasileiro nascido em Santa Catariana é de 78,4 anos, a maior entre as unidades da federação. Aposentando-se aos 65 anos, o catarinense receberá o benefício por pouco mais que 13 anos. Para o cidadão do Maranhão, a vida vai até os 70 anos, o que significa cinco anos para desfrutar da aposentadoria. Para ambos, serão necessários 45 anos de contribuição, se o primeiro emprego vier aos 20 anos de idade, por exemplo. Vale lembrar que a reforma proposta acabará com a aposentadoria por tempo de contribuição, hoje em 35 anos para homens e 30 anos, para mulheres.

Como mostra o estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Subseção Apcef/SP, com a definição da idade mínima de 65 anos, somente os habitantes das regiões Sul e Sudeste poderão desfrutar da aposentadoria por dez anos ou mais. Em média, no Sul se vive até os 77,2 anos e no Sudeste, até os 76,9. Nas demais regiões, a expectativa de vida além dos 65 é inferior a uma década, sendo 9,7 anos para o Centro-Oeste, 7,5 para o Nordeste e 6,8 para o Norte.

“Se a nova regra for aprovada desse jeito, um número maior de brasileiros será prejudicado, especialmente do Norte e Nordeste. Como os mais pobres muitas vezes também começam a trabalhar mais cedo, no final das contas, contribuirão por mais tempo e terão um período mais breve de aposentadoria”, alerta o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

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Para os homens é pior – Deixando de lado a média nacional de expectativa de vida (75,1), percebe-se grande discrepância entre homens e mulheres, com grande desvantagem para o sexo masculino. Isoladamente, a expectativa de vida de um homem do Nordeste, ao nascer, é de 68,4 anos, enquanto a das nordestinas é de 76,7. Os homens do Nordeste receberão benefício por 3,4 anos após uma vida inteira de trabalho, enquanto as nordestinas, de acordo com as estatísticas, tenderão a viver 11,7 anos como aposentadas. Os nortistas terão em média 3,5 anos de benefício e as mulheres da mesma região, 10,5.

No Sul, por sua vez, os homens terão o maior tempo de aposentadoria (8,8 anos) enquanto as sulistas – que têm a maior expectativa de vida do país (80,6 anos) – tenderão a receber o benefício, em média, por aproximadamente 15 anos.

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