São Paulo – Agências com porta de segurança, biombos entre os caixas e a fila de espera, câmeras de filmagem nas áreas internas e externas, proibição da guarda das chaves e de transporte de valores pelos bancários. Essas são algumas das principais demandas da categoria bancária debatidas nesta terça-feira 21 em rodada de negociação com a federação dos bancos (Fenaban).
Diante da persistente recusa das instituições, em adotar essas e outras medidas para aumentar a segurança de trabalhadores e clientes, o Comando Nacional dos Bancários fez uma proposta diferente: implantar projeto piloto em alguma região do país para ver como se desenvolve e comprovar a efetividade dessas ações.
“Queremos que mantenham agências com porta de segurança, biombos e outros equipamentos. Sabemos que essas medidas são eficazes, mas os bancos têm dúvida. Temos oportunidade de comprovar e buscar as melhores medidas pela preservação da vida de trabalhadores e clientes”, explica a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, integrante do Comando.
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Os representantes da Fenaban aceitaram levar a proposta às direções das instituições e dar uma resposta antes do fim da Campanha Nacional Unificada 2012 sobre a viabilidade do projeto piloto. Caso a proposta não seja aceita, o tema segurança voltará ao debate.
“Esperamos que a resposta seja positiva. Sabemos que o tema é importante para os bancários e vigilantes, e entendemos que seja também para os bancos, que podem investir muito mais na segurança de seus funcionários e clientes”, destaca a presidenta do Sindicato.
Números - No primeiro semestre de 2012, os cinco maiores bancos do país apresentaram lucros de R$ 24 bilhões, mas os investimentos em segurança e vigilância somaram apenas R$ 1,5 bilhões, o que significa 6%, em média, na comparação com os lucros. Há bancos em que o gasto com publicidade é muito maior do que com a segurança. No Bradesco, a propaganda ganha 5,5% do lucro líquido e a segurança 3,6%. No Itaú, são destinados 6,3% para publicidade e 3,7% para segurança.
No ano passado, 49 pessoas morreram em ataques a bancos. E o número pode crescer já que somente no primeiro semestre de 2012 subiram 17,4%: foram 27 mortes, enquanto no mesmo período do ano passado morreram 23 pessoas nesse tipo de assalto.
Esses e outros dados, apurados pela Contraf-CUT e pela confederação dos vigilantes (CNTV) em secretarias de segurança pública e reportagens, foram apresentados na mesa de negociação e questionados pela Fenaban. “Por isso mesmo, uma outra reivindicação dos trabalhadores é a emissão obrigatória de boletim de ocorrência policial de assaltos, sequestros e extorsões, com envio de cópias aos sindicatos. Assim poderemos ter mais controle sobre os casos e os tipos de ataques, de forma a cobrar das instituições a instalação dos equipamentos necessários para melhorar a segurança em cada unidade”, completa a presidenta do Sindicato, lembrando também do respeito aos vigilantes. “Esses trabalhadores devem ter as mesmas condições dos bancários, com tempo e lugar adequado para as refeições, por exemplo, o que hoje não é respeitado.”
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Cláudia Motta - 21/8/2012