São Paulo – Uma história de conquistas. Foi relembrando os principais avanços garantidos pela categoria bancária que a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, deu início às comemorações dos 90 anos do Sindicato. No dia do aniversário da entidade, 16 de abril, na Quadra dos Bancários – palco de grandes eventos dos movimentos sindical e social – parlamentares, ex-presidentes, lideranças sindicais e de movimentos sociais, prestigiaram o evento e relataram um pouco da sua visão dessas nove décadas de história.
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Juvandia lembrou a conquista da jornada de 6 horas, passando pelo fim dos trabalhos aos sábados, e as duras intervenções sofridas pela entidade. A dirigente destacou a luta pela igualdade de oportunidades, iniciada com a participação das mulheres na década de 1950 e intensificada nos dias atuais, com intensa mobilização da categoria pela inserção de todos, independente de raça, gênero, orientação sexual ou deficiência.
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputado estadual Rui Falcão (SP), saudou a presidenta. “Ter uma mulher na presidência do Sindicato é um fato histórico.” E ressaltou importantes lutas do Sindicato pela reconstrução da democracia. “Esse local já foi palco de muitas de nossas lutas e recebeu inúmeras vezes, com disposição, o Partido dos Trabalhadores. A síntese desses 90 anos é o fortalecimento da democracia no Brasil.”
Categoria fortalecida – O ex-presidente do Sindicato e deputado estadual pelo PT, Luiz Claudio Marcolino, fez coro. “O Brasil queria democracia, queria um país melhor, e nós criamos um partido, uma central de trabalhadores e conseguimos eleger o primeiro presidente operário do nosso país.”
Marcolino destacou que ele, e depois Juvandia, foram os primeiros a liderar a entidade em uma época em que o Brasil vivia um governo democrático e com políticas voltadas para o trabalhador. Lembrou que quando assumiu o Sindicato, em 2004, havia 96 mil trabalhadores em sua base, número que passou para 134 mil quando deixou a presidência, em 2010.
“E esse crescimento da categoria aconteceu graças não só ao crescimento do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, mas por políticas acertadas do governo federal, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e, principalmente, por causa do investimento em crédito no nosso país. Isso fez com que a categoria bancária crescesse, se desenvolvesse e alcançasse uma série de conquistas entre 2004 e 2010.”
Casa do bancário – O deputado federal (PT-SP) e ex-presidente do Sindicato, Ricardo Berzoini, lembrou que passou mais tempo de sua vida na Quadra do que em qualquer das casas em que morou. “Há 30 anos me considero militante de fato, foi na greve geral de 1983. Depois entrei para a diretoria do Sindicato e foi fazendo piquete no Banco do Brasil em 1987, que conheci minha companheira de 26 anos”, disse, lembrando que, assim como ele, muitos dos presentes tinham várias histórias a contar.
“Não é qualquer entidade que faz 90 anos. Esse Sindicato é referência para toda a classe trabalhadora e para a democracia. Sempre esteve na luta contra a opressão, contra os regimes ditatoriais. Foi uma honra para mim presidir o Sindicato, foi aqui que aprendi a fazer política.”
Com a CUT – Vagner Freitas, primeiro bancário a presidir a CUT (Central Única dos Trabalhadores), falou da honra que é para ele presidir a Central nesse momento histórico para o Sindicato. “Aprendi desde cedo a ser cutista nesse Sindicato. Quando cheguei, Augusto Campos (presidente da entidade entre 1979 e 1985) me disse uma coisa que eu nunca esqueci: ‘você veio aqui não só para cuidar do Sindicato, mas também da Central Única dos Trabalhadores, pois nosso sindicato é classista. Vocês precisam saber que são dirigentes de classe, da classe trabalhadora’.”
E comemorou: “conseguimos provar com os resultados da última década que a classe trabalhadora conseguiu governar muito melhor do que a burguesia”, sublinhou Vagner, ao finalizar destacando que o papel do movimento sindical é lutar para mudar a vida dos trabalhadores e a sociedade, tornando-a mais justa e igualitária.
Alma de bancário – Na mesa composta, ainda, pelos ex-presidentes do Sindicato Gilmar Carneiro e João Vaccari Neto, a presidenta Juvandia lembrou o mote do aniversário ao chamar o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para participar da festa. “São 90 anos na luta pelo fortalecimento da democracia. Para comemorar essa trajetória, não podíamos deixar de contar com a presença de Lula, pois sua história de vida se confunde com a busca pela democracia em nosso país, consolidada no período em que esteve à frente da presidência da República.”
Lula falou da sua relação com o Sindicato, desde os tempos da retomada. “Em 1978, quando Augusto Campos ganhou as eleições eu estava já no segundo mandato na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos dos ABC, e essa relação perdura até hoje. Tanto que às vezes não sei se sou metalúrgico ou bancário, a minha alma é um pouco de bancário.”
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Tatiana Melim, Andréa Ponte Souza, Rodolfo Wrolli e Gisele Coutinho - 16/4/2013