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Seminário discute movimento sindical no mundo

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Evento que faz parte dos 90 anos reúne lideranças de diversos países para pensar o papel dos trabalhadores no fortalecimento da democracia. Debates se estendem por toda a quinta
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São Paulo – “Nesse momento em que completamos 90 anos, nos dedicamos a refletir sobre o papel da entidade e do movimento sindical no mundo. E pensar também o quanto é importante não só estarmos organizados no Brasil, mas articulados com os trabalhadores de todo o planeta.” Foi assim que a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, abriu seminário que reúne entre quarta 24 e quinta 25 lideranças trabalhistas de diversos países na sede do Sindicato.

> Confira a programação completa

O Seminário Internacional O Papel dos Sindicatos na Construção da Democracia traz à entidade dirigentes de países como Chile, Colombia, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Angola. O tema foi abordado também no Momento Bancário em Debate Especial realizado antes do seminário.

> Vídeos: primeiro e segundo blocos do MB em Debate

Além de Juvandia, compuseram a mesa de abertura do evento o secretário de Relações Internacionais da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício; o secretário de Relações Internacionais da Contraf, Mário Raia; e assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República, José Lopez Feijóo. Ao apresentá-los, Juvandia lembrou a experiência de sindicalista de todos e ressaltou que este ano a CUT também faz aniversário. “Há 30 anos, nós bancários ajudamos a construir o que é hoje a maior central do país e a quinta maior do mundo, cuja experiência exitosa mereceu destaque da ONU.”

O secretário da CUT, João Felício parabenizou a iniciativa do Sindicato ao realizar o seminário. “Temos de estreitar cada vez mais essa relação com as entidades internacionais”, disse. Falou ainda da importância dos movimentos sociais, em especial dos trabalhadores, na luta contra regimes ditatoriais e mostrou preocupação com a queda de sindicalizações em países da Europa, o que, segundo ele, não vem acontecendo nos países da América Latina. “Na Espanha querem inclusive retirar o direito de negociação coletiva dos sindicatos. Esse tema, portanto, é extremamente atual.”

O dirigente da Contraf Mário Raia, diretor do Sindicato, destacou que hoje a luta não é apenas pelos direitos dos bancários brasileiros diante de instituições financeiras estrangeiras. “Nossa luta é também para que bancos brasileiros como o BB e Itaú, que expandem sua atuação para outros países, respeitem os trabalhadores da Argentina, Paraguai, Chile.”

Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT São Paulo, Feijóo lembrou que nem mesmo nas democracias os direitos dos trabalhadores estão absolutamente estabelecidos e propôs uma reflexão sobre os últimos 30 anos no país. “Ousaria dizer que somos de uma geração vitoriosa, porque há poucos exemplos no planeta de um movimento sindical que criou uma central como essa (referindo-se à CUT), que ajudou a derrubar a ditadura e que construiu a partir da classe trabalhadora um partido politico que elegeu um presidente operário.” Ressaltou ainda que a elite torcia para que Lula fizesse um péssimo governo. “Mas esse presidente se reelegeu, provando que a classe trabalhadora governa melhor que eles, e ainda elegeu a primeira mulher para presidir a República.”

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Mas Feijóo não se privou de refletir sobre o que falta conquistar. “Avançamos muito, mas não conseguimos implantar algumas de nossas bandeiras democráticas, como por exemplo, o direito de organização sindical no local de trabalho, que deveria ser um espaço democrático, onde o trabalhador constantemente pudesse intervir”, criticou, acrescentando que exatamente por essas barreiras, debater democracia é extremamente importante.

Após a abertura, foi lançado o curta-metragem Convenção Coletiva Nacional de Trabalho, o quarto da série dos 90 anos.

Impacto – A noite contou ainda com palestra do professor doutor do Instituto de Economia da Unicamp Dari Krein, sobre o Caráter da Crise Internacional e os Impactos para os Trabalhadores.

O professor (foto abaixo) fez considerações sobre o período que iniciou na década de 1980 e se estendeu até os dias de hoje com a crise internacional, e os desafios do movimento sindical no mundo dominado pela ideologia individualista do neoliberalismo. “Vivemos num período bastante longo da ditadura do mercado, do pensamento único. Qualquer alternativa a essa visão é ridicularizada, principalmente na mídia. E a partir da crise de 2008 vivemos uma situação paradoxal porque todos sabem que a crise foi gestada a partir de como se organizou o capitalismo em 1980, da ideia de que o mercado é o promotor do desenvolvimento e que tem de se enfraquecer os mecanismos de controle do mercado.

Com isso o sistema financeiro ficou solto e a crise é sua própria desregulamentação. "O paradoxal é que ao mesmo tempo em que você salva o causador da crise, você fragiliza o trabalhador e a sociedade”, disse, referindo-se às políticas de austeridade adotadas pelos países europeus em crise, que reduzem politicas públicas e direitos dos trabalhadores e provocam desemprego.

Nesse contexto ele destacou o Brasil que, segundo ele, vive um período diferenciado e criou condições de enfrentar a crise de 2008. Destacou o papel do mercado interno brasileiro – com altos índices de emprego e a política de valorização do salário mínimo – e dos bancos públicos, que escaparam do processo de privatização promovido por FHC. “Os bancos públicos foram fundamentais para o governo poder alavancar o crédito e não permitir que a economia entrasse numa recessão mais profunda.”


Andréa Ponte Souza - 24/4/2012

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