São Paulo – “Espaço de escuta, lazer e socialização”. É assim que o arte-educador Gerson de Almeida resume o trabalho que a Fundação Projeto Travessia desenvolve há quase dois anos em uma escola pública do Itaim Paulista. Cerca de 100 meninos e meninas, entre oito a 18 anos, participam das atividades de circo, esportes, música e artes plásticas, nas quais se debatem os temas mais variados, levados pelos próprios alunos. “Procuramos discutir de forma lúdica as questões que eles trazem. Preconceito, questões de gênero. Acabamos fazendo uma reflexão com eles e procurando solução para amenizar os conflitos.”
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Criado em dezembro de 1995 para atuar com crianças e adolescentes em situação de rua no centro da capital, o Travessia – iniciativa do Sindicato – logo ampliou sua área de atuação e foi até os bairros de origem desses meninos e meninas, desenvolvendo ações preventivas com o objetivo de evitar a ida para as ruas de crianças de localidades carentes, em risco social. Foi assim que chegou ao Itaim Paulista, bairro da zona leste da capital.
Opinião – As oficinas na escola são realizadas em dois horários, pela manhã e à tarde, sempre no intervalo das atividades curriculares. Nelas, além de brincar com arte, os alunos opinam sobre temas e situações de seu cotidiano. “Tem adolescentes que chegaram mudos e hoje falam, põe pra fora, reclamam do que não gostam, reclamam da qualidade do ensino, de problemas na comunidade... O avanço é gradual. É uma mudança de postura e de comportamento. E essa mudança é percebida também pela coordenação pedagógica da escola, que nos dá esse retorno”, conta Gerson.
Um exemplo é a menina Jéssica Cerqueira, 14 anos, que passou os primeiros meses sem se manifestar. Hoje ela é uma das mais atuantes. “A gente fala e a nossa opinião tem valor aqui. Quando eu for maior, acho que as pessoas vão contar com a minha opinião”, disse ela em entrevista à TVT (TV dos Trabalhdores).
> Assista reportagem da TVT sobre o projeto
Cidadania – O alcance do projeto é avaliado pelo comportamento dos estudantes. “Estamos fortalecendo a noção de cidadania deles, sempre colocando pra eles que organizados e em grupo vão conseguir muito mais”, explica Gerson.
> Atendido pelo Travessia vai do risco ao aprendizado
Além disso, segundo o arte-educador, os arte-educadores e a equipe de profissionais do Travessia procuram aproximar os jovens de associações, grêmios e instituições do tipo existentes na comunidade. “A proposta também é que eles participem desses espaços na comunidade, realizando cursos e atuando em outros lugares de convivência.” Outro objetivo do projeto é convidar pais, professores e a comunidade em geral a refletir sobre o que leva uma criança às ruas. “Ano passado fizemos atividade de formação com os professores. O trabalho também visa preparar a comunidade, família e escola para reintegrar, pois a partir do momento em que eles entendem os motivos que levam à rua, fica mais fácil de acolher.”
Ajude o Travessia – Em 17 anos, a Fundação Projeto Travessia já atendeu pelo menos 13 mil crianças e adolescentes, e a partir delas, famílias e comunidades em geral. A fundação se mantém por meio de parcerias públicas e privadas, além de doações. Este ano, os bancários também poderão ajudar o Travessia a desenvolver seus projetos sociais doando parte ou a totalidade do imposto sindical que o Sindicato devolve aos associados.
O imposto sindical é uma taxa compulsória que corresponde a um dia de trabalho descontado no holerite de todos os funcionários no mês de março. Por ser contra o imposto, o Sindicato devolve aos bancários que solicitam os 60% do tributo que lhe cabem. A solicitação é feita pelo site, a partir das últimas semanas de junho e o reembolso em geral ocorre na segunda quinzena de julho. Este ano, haverá também link por meio do qual o associado poderá optar por doar ao Travessia. Colabore!
Andrea Ponte Souza - 20/5/5013
