São Paulo – A primeira rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) debateu uma das principais preocupações da categoria: o sufoco e a pressão pelas metas que tanto adoecem e pioram a cada dia as condições de trabalho.
A reunião iniciada na quinta-feira 8, para debater saúde, condições de trabalho e segurança, continua na manhã de sexta 9.
> Vídeo: Juvandia comenta a reunião
Os trabalhadores apresentaram os números de adoecimento na categoria, que tem mais de 21 mil afastados, ¼ deles por transtornos psíquicos diretamente relacionados à pressão diária pela venda de produtos e pelo ritmo estressante da rotina.
“Voltamos a apontar, inclusive com dados do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), uma situação que os trabalhadores não suportam mais e que os bancos têm de mudar”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, mencionando os números de afastamentos, dos quais 25,7% por doenças como estresse, depressão, síndrome do pânico, transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% por doenças do sistema osteomuscular (como as LER/Dort). Todas são epidemia na categoria bancária.
Gestão – Os representantes da Fenaban insistiram no que dizem todos os anos: que os sindicatos não podem discutir metas porque isso iria interferir na gestão dos bancos. “Deixamos claro que o fim da pressão por metas é a principal preocupação dos bancários e que não vamos sair da Campanha 2013 sem uma proposta que altere esse quadro, essa dura rotina que tanto atormenta os trabalhadores”, destava Juvandia.
Ficou claro para os negociadores da federação dos bancos que esse velho discurso tem de mudar. “A gestão é problema dos bancos, mas a saúde dos trabalhadores é problema nosso. Se não aceitam nossas propostas, porque acham que isso interfere na forma de gerenciar as instituições financeiras, que apresentem o que vão fazer para que as metas não sejam mais indutoras de sofrimento e responsável pela legião de adoecidos que vemos na categoria bancária.”
Ranking – O Comando Nacional informou que a cláusula 35 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) vem sendo sistematicamente desobedecida por todos os bancos. A cláusula, conquistada em 2011, proíbe a divulgação das listas (os “rankings”) de performance no cumprimento de metas, usadas para pressionar e assediar os bancários.
A Fenaban se comprometeu a reorientar pelo respeito e cumprimento da cláusula, de forma que os rankings não sejam mais tornados públicos.
Segurança – O conceito geral sobre o que significa segurança para a categoria foi deixado claro pelo Comando Nacional dos Bancários: a preservação da vida de trabalhadores e clientes. Os negociadores da Fenaban disseram concordar com esse princípio, ao que os representantes dos trabalhadores rebateram com o fato de que uma parcela cada vez menor do lucro é investida em segurança.
Os números da pesquisa feita pelas confederações de bancários e vigilantes foram ressaltados na mesa de negociação, alertando para a ampliação dos casos de roubo a bancos e da violência contra os trabalhadores, principalmente os sequestros dos bancários que portam chaves de cofres e agências. “Isso tem de acabar e deixamos isso muito claro na mesa de negociação”, completa Juvandia.
Calendário de luta:
Dia 9 - Continuidade da primeira rodada de negociação entre Comando Nacional e Fenaban
Dia 9 - Primeira rodada de negociação entre Comando Nacional e Caixa Econômica Federal
Dias 13 e 14 - Mobilização em Brasília contra PL 4330
Dia 14 - Primeira rodada de negociação entre Comando Nacional e Banco do Brasil
Dias 15 e 16 - Segunda rodada de negociação com a Fenaban sobre o tema Emprego.
Dia 22 - Dia Nacional de Luta, com passeatas dos bancários
Dia 22 - Dia Nacional de Luta dos empregados da Caixa
Dia 28 - Dia do Bancário, com atos de comemoração e de mobilização
Dia 30 - Paralisação nacional das centrais sindicais pela pauta da classe trabalhadora
Cláudia Motta - 8/8/2013 (atualizada em 9/8, às 10h50)
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Comando dos bancários avisou aos representantes dos bancos que Campanha 2013 não se resolve sem solução para as metas que adoecem e deterioram as condições de trabalho
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