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Bancários do Cenop do BB denunciam “inferno”

Linha fina
Sindicato traz o “Portal do Inferno” em frente ao Cenop 1900 para denunciar cobrança de metas abusivas no setor do BB e o consequente adoecimento de funcionários
Imagem Destaque

São Paulo - Os trabalhadores do Cenop 1900 do Banco do Brasil realizaram uma manifestação em frente ao Complexo São João para denunciar o assédio moral que é praticado no setor, na manhã desta quinta-feira 8.

> Fotos: galeria de imagens do protesto
> Vídeo: matéria especial sobre o ato

De forma lúdica, o ato contou com a presença de “demônios” que convidavam a população a adentrar o “portal do inferno”, instalado na porta de entrada do Complexo São João, onde o Cenop 1900 opera grande parte de suas atividades.

Os dirigentes sindicais denunciaram ao público a pressão por metas abusivas e a pressão psicológica que tem feito muitos trabalhadores adoecerem e se medicarem com antidepressivos.

O gerente geral e o gerente de monitoria foram os gestores mais criticados durante o ato e responsabilizados pela situação do Cenop 1900. Os trabalhadores denunciaram diversas restrições impostas pela gerência, entre elas a proibição de os trabalhadores participarem da Sipat (Semana interna de prevenção de acidentes de trabalho).

O setor realiza análise de cadastro, operações comerciais e rurais, atividades que exigem cautela e muito critério. No entanto, metas cada vez mais difíceis de serem atingidas têm sido impostas no setor. O gerente-geral criou o chamado D-0 (sigla para “zero dia”), que obriga os funcionários a realizarem as análises e liberações de contratos no mesmo dia.

O D-0 induz os funcionários ao erro, pois não têm o tempo devido para analisar todo o processo. Com isso, criou-se um ciclo vicioso, com o processo indo e voltando da agência para o Cenop.

“O número de colegas que usam medicamentos antidepressivos só aumenta. No mínimo metade dos meus colegas está tomando esses remédios”, diz uma funcionária do Cenop.

Para o diretor do Sindicato Paulo Rangel, os temas discutidos em frente ao Complexo São João estão totalmente vinculados à Campanha Nacional dos Bancários, cujas negociações começaram nesta quinta-feira 8 justamente com a pauta de saúde, condições de trabalho e segurança.  “Nossa campanha não é só pelo salário, os bancários estão lutando nacionalmente para que os trabalhadores de todos os bancos não sejam submetidos a situações semelhantes às que ocorrem diariamente no Cenop 1900”, afirmou.

> Negociação continua com saúde na prioridade

Os sindicalistas presentes também chamaram a categoria para participar da passeata do dia 22 de agosto, dia nacional de luta em que os bancários desfilarão suas reivindicações.

Contras as normas do BB - Outra denúncia também aponta uma incongruência entre as normas do banco e as práticas do Cenop 1900. O novo plano de funções do BB que entrou em vigor em 28 de janeiro de 2013 determina que os funcionários com cargos gratificados e comissionados podem optar por trabalhar seis horas semanais, com redução de 16,5% nos vencimentos e com o direito de realizar extras de duas horas até 10 dias por mês, até 2014.

O gerente de área da monitoria do Cenop 1900, entretanto, proibia os trabalhadores que optaram pela jornada de seis horas de realizar as duas extras, prejudicando a compensação financeira desses trabalhadores e contrariando a normal geral do BB.

Na sexta-feira 2, a Contraf-CUT entrou em contato com a direção do BB que confirmou que a prática levada a cabo pelo gerente de área da monitoria do Cenop 1900 descumpre as normas do próprio banco. O banco confirmou que os bancários que aderiram à jornada de 6 horas têm o direito de fazer as horas extras. Segundo a instituição, o gestor tem a prerrogativa de escolher os dias das horas extras, mas não pode tolher o direito dos funcionários de realiza-las. “Se o gestor acha que seu departamento está com o serviço em dia, o bancário pode, por exemplo, fazer os cursos que o banco exige dele. O bom administrador tem aí uma ótima oportunidade de usar as normas do banco ajudando a qualificar sua equipe", afirma William Mendes, secretário de Formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.


Renato Godoy, com Contraf-CUT – 08/08/2013
 

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