São Paulo - Os bancários estão no limite. O ritmo estressante de trabalho está na rotina da categoria que, além de enfrentar a convivência com a pressão por metas que adoece, tem de lidar com a sobrecarga decorrente do número insuficiente de profissionais nas agências, postos de atendimento e centros administrativos dos bancos no Brasil.
Se em 1990 havia mais de 730 mil bancários no país, em 2001, eram menos de 390 mil. A retomada do crescimento econômico e a expansão das operações de crédito levaram a categoria ao patamar atual de cerca de 500 mil trabalhadores.
Essa pequena recuperação, no entanto, não faz frente à demanda gerada pela inclusão bancária de milhares de cidadãos, e os bancários sofrem com a sobrecarga de trabalho. Em 1996, cada um era responsável por cuidar, em média, de 83 contas correntes. No ano passado, eram pelo menos 326 contas cada que, nesse período, passaram de 40 milhões para 162,9 milhões. Diante da alta de 307%, o número de bancários subiu parcos 3,5%.
“E isso levando em conta a Caixa Federal, que ainda contrata. Porque se forem contabilizados somente o Banco do Brasil e os privados, o déficit de bancários é enorme”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
O tema emprego está na pauta da segunda rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2013. A reunião entre o Comando dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban), nesta quinta e sexta-feira, dias 15 e 16, vai tratar também de igualdade de oportunidades.
> Cinco anos a espera de uma chance
Demissões – Desde o ano passado, os bancos se encontram num novo cenário. Os públicos, notadamente a Caixa, expandiram suas operações de crédito com a redução dos juros e passaram a ganhar em escala, com recordes de lucro. Os privados, também continuam batendo marcas, mas o caminho escolhido para ganhar mais foi o das demissões e terceirizações.
Entre os meses de junho de 2012 e de 2013, o Itaú eliminou 4.458 vagas. No mesmo período, o Santander cortou 3.216 postos; o Bradesco, 2.580. O BB reduziu 276 empregos e a Caixa contratou 7.423 (março de 2012/2013).
As demissões têm ainda outro caráter: muitas vezes salários mais altos são substituídos por remunerações mais baixas, e trabalhadores são mantidos em desvio de função, numa lógica perversa de economizar à custa dos empregos.
Somente nos seis primeiros meses deste ano foram extintas quase 5 mil vagas nos bancos (fora a Caixa), enquanto os quatro maiores (BB, Itaú, Bradesco e Santander) tiveram lucro somado de R$ 26 bi.
“Essa é mais uma forma de os bancos acabarem com a saúde dos bancários. Além disso, devolvem à sociedade da qual tanto lucro tiram, serviços piores, filas, atendimento precário”, critica Juvandia. “Vamos cobrar na mesa que os bancos alterem essa lógica. Chega de demissões! O Brasil e os brasileiros precisam de mais postos de trabalho e o setor financeiro deve isso à sociedade.”
Redação - 14/8/2013
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Bancos privados extinguiram mais de 10 mil postos de trabalho no último ano. Quem ficou, está no limite. Emprego é tema da rodada de negociação dos dias 15 e 16
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