São Paulo – Fechar agências do Itaú por falta de funcionários está virando rotina. Nesta quinta-feira 5 foi a vez de uma unidade na Lapa ser interditada pelo Sindicato porque só havia duas funcionárias nos caixas. Normalmente a unidade conta com três bancárias neste setor, mas a terceira está de licença médica por ter desenvolvido problemas na coluna devido ao mobiliário inadequado do local de trabalho.
A dirigente sindical Valeska Pincovai relata que o Sindicato foi chamado a intervir porque a unidade estava abarrotada de clientes e as duas funcionárias não estavam dando conta de atendê-los. “Com razão os clientes ficaram impacientes e começaram a ofender e culpar as funcionárias pelo mau atendimento, por isso tivemos que fechar a unidade”, conta.
O Itaú, então, enviou um funcionário para auxiliar no atendimento. “Mas ao invés de contratar um novo bancário para substituir a que está de licença, o banco deslocou um funcionário de outra agência, desfalcando a sua unidade de origem”, conta Valeska.
De acordo com a dirigente, o banco alegou que a agência original do funcionário substituto não tem uma demanda tão alta, por isso não precisou contratar mais um caixa. “Só que a gente sabe que a realidade não é essa, porque no Itaú, caixa tem que cumprir meta, e ainda por cima não recebe remuneração variável”, afirma.
Rodízio – Para a dirigente, a solução que o Itaú encontrou para resolver a falta de funcionários é uma espécie de rodízio de trabalhadores, no qual sempre alguma agência vai ficar desfalcada – ao invés de realizar mais contratações.
“É uma saída no mínimo ridícula para um banco que lucrou R$ 7 bilhões no primeiro semestre, e quem paga a conta, como sempre, são os bancários – sobrecarregados de trabalho –, e os clientes, que arcam com tarifas exorbitantes em troca de um péssimo atendimento ocasionado pela falta de funcionários.”
De acordo com o balanço do banco, só com as receitas provenientes dos serviços e tarifas cobrados dos clientes, o Itaú consegue cobrir as despesas com pessoal em 170%. Ou seja, consegue pagar todos os funcionários e ainda restam 70% da folha. Ainda de acordo com o próprio balanço do banco, foram cortadas 4.458 vagas entre junho de 2012 e junho deste ano.
Praxe – Em menos de um mês, outras três agências do Itaú tiveram de ser interditadas pelo mesmo problema. No dia 30 de agosto, uma unidade do bairro da Quarta Parada, na zona leste, também foi fechada por causa da falta de funcionários. A única caixa não podia sequer ir ao banheiro ou almoçar, porque não havia funcionário para substituí-la no atendimento.
No dia 14 de agosto, outra agência da zona leste, desta vez no Bairro Vila Carrão, funcionava com apenas uma funcionária no atendimento que tampouco podia abandonar seu posto para almoçar ou ir ao banheiro.
Na quarta-feira 4 foi a vez da agência Paula Ferreira, em Pirituba, ser interditada pelo Sindicato pelo mesmo motivo.
“Sempre que recebermos denúncias de casos como estes, o Sindicato vai intervir. Amanhã vamos voltar à agência da Lapa e se não houver caixas suficientes, nós vamos fechar a unidade novamente”, afirma a dirigente Valeska Pincovai.
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Rodolfo Wrolli – 5/9/2013
