São Paulo – Em meio a uma realidade de trabalho onde a pressão, o assédio moral e as ameaças de demissão são práticas constantes, você conseguiria responder francamente uma pesquisa de satisfação se tivesse que se identificar por meio do seu CPF? Pois é o que o Itaú propõe.
O banco está realizando uma consulta com seus funcionários intitulada “Fale Francamente”, com perguntas como: "Você concorda com meritocracia?" "Como você avalia a gestão da sua área?" e "Como é o ambiente de trabalho?" para saber a opinião dos funcionários e o grau de satisfação em trabalhar para o Itaú.
Um e-mail afirma que o sigilo é garantido e que todo o processamento dos dados do levantamento será executado por uma consultoria externa. "Ninguém será identificado individualmente pelas respostas, pois o Itaú Unibanco só terá acesso aos dados já consolidados", diz a mensagem.
O login de cadastro para poder responder a pesquisa, no entanto, é o CPF do bancário, e a senha é sua data de nascimento.
Intimidação - Um funcionário da Atec (Área de Tecnologia) acredita que essa é uma forma de intimidação. "No momento em que faz o login, você já se identifica e informa quem está respondendo as perguntas, ou seja, não é uma coisa sigilosa e com certeza eu tenho medo de ser prejudicado se responder o questionário com o que penso", diz.
Para reforçar as suspeitas, a diretora do Sindicato Valeska Pincovai conta que recebeu denúncias de que em alguns departamentos os trabalhadores são coagidos a responder positivamente. "Temos também informações de que os diretores da Atec estão visitando os departamentos, realizando reuniões e prometendo readequação de cargos e ajustes que deveriam ser feitos, enfim, se mostrando compreensivos e amigos dos funcionários. Toda esta aproximação é por causa da pesquisa interna", acredita.
Festinha – O Sindicato apurou que um diretor da Atec recentemente organizou uma reunião na qual foram servidas bebidas alcoólicas aos bancários em pleno horário de trabalho e dentro do departamento. "O que ele queria na realidade é ser bem avaliado na pesquisa, pois demitiu diversos trabalhadores sem justificativas em junho e julho deste ano. O mais grave é que neste departamento vários funcionários estão em tratamento médico e não poderiam ingerir bebidas alcoólicas", critica Valeska.
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A dirigente lembra que essa área já foi denunciada outras vezes pelo Sindicato por problemas de gestão. “Com está atitude do diretor, ficou comprovada a sua total falta de responsabilidade. Sob sua supervisão, as metas são cobradas de maneira injusta por se tratar de uma área de pessoas com deficiência. São demitidos por baixa performance, sendo que ao contratá-los, o banco já sabia do perfil destes profissionais”, afirma.
Rodolfo Wrolli – 11/9/2013
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Banco realiza pesquisa de opinião na qual bancários podem ser identificados; de acordo com denúncias, funcionários são coagidos a responder positivamente
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