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Indenizado, ex-bancário incentiva luta por direitos

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Trabalhador recebeu cheque por horas extras não pagas em seus tempos de Banespa, relembrou sua história de luta e deixou recado para funcionários que estão lutando por novas conquistas
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São Paulo – “Lutar, lutar, lutar. Apesar dos perigos do desrespeito aos direitos do trabalhador hoje em dia, vale a pena, pois é com luta que a gente chega lá.” O incentivo aos bancários que estão nas ruas, em greve, veio de um bancário de 63 anos que acaba de ser indenizado por suas horas extras não pagas, à época, pelo Banespa.

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Bancário desde a década de 1980, João Fernandes Ferreira era o trabalhador exemplar que cuidava das agências da zona norte de São Paulo. Trabalhava em sobreaviso 24 horas por dia. “Não existia caixa eletrônico naquela época. Até para o carro forte abastecer o dinheiro do banco era necessário que um funcionário estivesse lá para abrir cofre”, lembra. João tinha sempre em mãos a chave do cofre e da agência, prática condenada pelo Sindicato até hoje e uma das reivindicações da Campanha 2013.

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A ação foi movida pelo Sindicato após o trabalhador sair do banco por meio da adesão a um Programa de Demissão Voluntária (PDV), em 1995. O Banespa passava por um processo de federalização, para mais tarde ser privatizado. “Eu não aguentava mais. Estava ficando doente. Até no aniversário do meu filho o ‘bip’ tocava e eu tinha que ir para o banco. Cheguei a ir para a agência em madrugada de sábado para domingo. Durante um período eu entrei às 9h na agência para sair às 4h da madrugada. Também entrei durante um tempo às 7h para sair às 22h.”

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João conta que na homologação representantes do Sindicato fizeram uma ressalva no verso dos documentos sobre o não pagamento das horas extras trabalhadas. Na quarta-feira 25, o ex-bancário foi informado da vitória sobre a ação. “Eu esperava receber 10% desse valor.” Agora, o plano é cuidar melhor da saúde e custear a faculdade de Direito do filho, Vitor Hugo, de 20 anos.

Luta que valeu a pena – João é sindicalizado desde o primeiro ano no banco e mostra com orgulho sua carteirinha, guardada ao lado da carteirinha da Afubesp.

O ex-bancário se emociona ao relembrar os tempos de luta, já que visitou o Sindicato em plena Campanha Nacional 2013. Desde 1997 ele mora em Fortaleza com a mulher, uma cearense com quem é casado há 38 anos, e viajou até São Paulo para receber sua indenização. “Cheguei e vi a movimentação na rua. Lembrei das passeatas que eu participava na época em que o Augusto Campos era presidente (1979 a 1985). Quando chegávamos na Quadra dos Bancários, o fim da passeata ainda estava aqui no Martinelli. Era uma multidão”, conta.

Ao falar da gestão seguinte, de Luiz Gushiken (1985 a 1988), João não conteve a emoção e seus olhos ficaram cheios de lágrimas. “Ele era um menino muito bom!” O ex-presidente do Sindicato morreu no dia 13 de setembro.

> Vídeo: homenagem a Gushiken

Antes de voltar para Fortaleza, com a sensação de que a Justiça foi feita diante de suas horas extras agora pagas, o ex-banespiano pretende ler todas as edições da FB 90 Anos, exemplares especiais publicados no mês de abril deste ano, no aniversário do Sindicato, com a história de nove décadas de luta pela democracia.

Leia mais
> Edições da Folha Bancária 90 Anos


Gisele Coutinho – 20/9/2013

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