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Greve para coração financeiro de São Paulo

Linha fina
Agências e concentrações permaneceram fechadas na região da Paulista, durante o segundo dia de greve
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São Paulo – A greve pegou na região da Avenida Paulista. Levantamento feito pelo Sindicato aponta que 60 agências localizadas num dos principais centros financeiros do país permaneceram fechadas nesse segundo dia de greve.

A força de trabalho que faz os lucros dos bancos atingirem cifras bilionárias cruzou os braços e fez questão de mostrar sua insatisfação com o tratamento que recebem dos empregadores.

“Esse aumento de 6% oferecido pelos bancos é no mínimo um desaforo e não cobre nem a inflação real, porque no supermercado os produtos aumentaram muito mais do que esse valor”, disse uma bancária do Santander.

E completa. “Em contrapartida, as metas só aumentam. É muita cobrança. No dia 15 do mês já temos que entregar 100% das metas. Nós somos seres humanos, somos gente de carne e osso, e não máquinas, mas parece que o banco não percebe isso. É o que eu e os meus colegas sentimos.”

Vergonha e desvalorização – Um bancário do Bradesco também se disse ultrajado pelo aumento de 6% oferecido pelos bancos. Pelo que a gente trabalha e pelo que é cobrado, esse aumento é uma vergonha”.

E novamente a cobrança por metas foi citada como a maior carrasca. “Não só eu, mas meus colegas também estão muito insatisfeitos com a maneira como são distribuídas as metas. O cliente de grande poder aquisitivo vai para o Bradesco Prime, onde os bancários têm a mesma meta dos funcionários das agências de varejo, que lidam com clientes de menor poder aquisitivo. É injusto e é por isso que muitos preferem trabalhar para outro banco”, diz.

A desvalorização também foi citada pelo bancário. Ele lembrou que o Bradesco é uma empresa de carreira fechada, onde as pessoas são contratadas com pouca idade para trabalharem no banco até se aposentar. “Só que o banco não investe na formação dos seus trabalhadores e sequer ajuda com auxílio-educação. Nós nos sentimos desvalorizados”, afirma.

Falta de funcionários – Um bancário da Caixa que estava ajudando na greve disse que a adesão dos empregados do banco público foi alta, e o aumento insignificante dado pelos banqueiros contribuiu para a mobilização.

“O maior problema da Caixa é a falta de empregados. As pessoas ficam duas horas na fila para serem atendidas em questões simples, como por exemplo, retirar cartão de crédito ou sacar FGTS. Por causa disso, os empregados mandam os clientes para as lotéricas, que também não têm estrutura para atender, e acabam mandando as pessoas de volta para a agência”, disse, acrescentando que a PLR social tem de melhorar. “Tem margem para isso.”

Contingenciamento – O CA Brigadeiro, concentração do Itaú localizada na região da Paulista – responsável por ministrar cursos e que abriga uma área de TI – não funcionou na sexta 20, por causa da greve. Nos dois prédios trabalham por volta de 800 bancários e 1.200 terceirizados.

O banco, no entanto, valeu-se de tramoias e transferiu sua força de trabalho para outras concentrações, de acordo com as denúncias dos poucos bancários que apareceram no prédio.
 “A greve é um direito dos trabalhadores, mas o banco não respeita, porque ontem mesmo eles já tinham me designado para hoje ir trabalhar no Ceic”, diz um funcionário que foi até lá para “pegar um documento”.   

Outro bancário reforçou a denúncia. “A ordem que recebi foi a de esperar aqui até às 10h, para o caso de o prédio ser liberado. Se permanecer fechado até esse horário, vou ter que ir para o Ceic”, conta o bancário.

Coxinha – Mesmo com a concentração vazia, as queixas e as insatisfações contra as propostas de reajuste dos bancos surgiram.

“Pra mim é uma falta de consideração, não dá nem pra comprar uma coxinha com esse reajuste de 6%. O valor do tíquete-alimentação também é irrisório. Você tem que completar com mais R$ 300 para poder fazer uma compra decente”, reclama a funcionária.

O espaço físico do prédio, bem como sua infraestrutura, também foi alvo de críticas. “É muito apertado. Você não tem privacidade nenhuma e as máquinas que eles dão para a gente trabalhar são todas obsoletas”, critica.

A bancária acredita que a desvalorização dos trabalhadores acaba prejudicando a própria empresa, e dá um recado aos bancos. “Se o colaborador não é valorizado, ele não vai trabalhar com vontade, não vai render, vem trabalhar mal-humorado. Se o banco teve lucro, é porque os funcionários se esforçaram, e se fossem mais valorizados, o lucro seria maior ainda.”

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Rodolfo Wrolli - 20/9/2013

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