Pular para o conteúdo principal

Bancários da Nova Central querem valorização

Linha fina
Agência e departamentos da concentração do Bradesco pararam no sexto dia de greve para reivindicar avanços para a categoria
Imagem Destaque

São Paulo – Falta valorização! A queixa é unânime entre os trabalhadores da Nova Central, concentração do Bradesco na região da República, área central de São Paulo. Nos 19 andares do prédio trabalham cerca de 1.700 funcionários entre bancários e terceirizados, que pararam parcialmente nesta terça-feira 24, sexto dia de greve da categoria.

> Vídeo: reportagem sobre a Nova Central

Setores estratégicos como o Câmbio, parte do crédito imobiliário, diretoria regional, Bradesco Empresas e outros departamentos, foram parcialmente parados. No Câmbio, dos 500 bancários, apenas 100 trabalharam, por conta do contingenciamento do banco.

Os gestores não querem ver os trabalhadores mobilizados. E essa situação é clara nas ruas durante a greve. Por volta das 7h desta terça-feira 24 já era possível ver supervisores com listas em punho com nomes de quem, pressionado, “deveria” entrar para o trabalho.

Apesar da prática antissindical do Bradesco, os bancários não se intimidaram. “Os problemas estão tanto nos departamentos, muitos com sobrecarga de trabalho, quanto na agência aqui do prédio da Nova Central”, relata uma bancária. “As metas são as mais horrorosas possíveis. Pelo lucro do banco deveríamos ser mais valorizados. Na agência muita gente adoece, eu já passei por lá. Hoje, faço terapia para evitar adoecer no trabalho, mas isso é mais um custo, já que o banco não paga. Conheço muita gente, de vários bancos, com sobrecarga em agência e doente, afastado.”

É preciso avançar – Em 2012, a falta de valorização era a principal queixa da concentração durante a greve de nove dias. À época, os trabalhadores já reclamavam da ausência de um placo de cargos e salários e investimento na carreira. A queixa continua. “No Câmbio não existe ascensão, e a sobrecarga é sempre grande. Tem uma empresa fazendo um projeto de plano de cargos e salários, mas por enquanto não saiu nada”, relata um bancário que trabalha no Bradesco há 23 anos.

Outro trabalhador, há 26 anos na empresa, também reclama. “O plano de cargos não saiu até hoje. E agora os bancos, como o Bradesco, não querem propor aumento real? Não tem como parar essa movimentação, senão, não sairemos do lugar”, diz o funcionário, referindo-se à greve.

Por reajuste digno e valorização – Para os bancários da região da Paulista, Faria Lima, Alphaville, Itaim, entre outras, sempre foi mais difícil fazer o vale-refeição durar o mês inteiro. Agora, os trabalhadores do centro da capital também sofrem.

Na Nova Central, muitos levam comida de casa com o objetivo de economizar. Mas para preparar a refeição, gastam mais no supermercado. “O vale-alimentação não dá para quase nada com os preços que estão as coisas no supermercado. Os 6,1% de reajuste não fará diferença”, reclama uma bancária, reivindicando aumento maior também para o piso.

“Está faltando dinheiro, sem aumento real os vales também ficam desvalorizados”, diz outro bancário do Bradesco com três anos de casa.

Para outra bancária, o salário precisa ter reajuste de, no mínimo, 10%. “Eu acho sacanagem [a falta de proposta dos banqueiros]. Faltam condições de trabalho, estamos sempre com a corda no pescoço, sem saber o que vai acontecer no fim do dia. E é muito trabalho para pouco funcionário”, desabafa a bancária.

Um bancário que apoia a greve ressalta que a reivindicação de aumento feita pela categoria não deveria ter sido considerada alta pelos banqueiros. “Acho que deveria ser mais, diante do lucro do Bradesco. E eles querem dar apenas a inflação. Não tem cabimento”, comenta indignado.

Leia mais
> Quase 30 mil parados no sexto dia de greve


Gisele Coutinho – 24/9/2013

seja socio

Exibindo 1 - 1 de 1