São Paulo – O ITM do Itaú, um dos setores mais estratégicos do banco, parou mais uma vez nesta sexta-feira 27. Os cerca de 3,5 mil bancários do complexo no Jaguaré, que já haviam paralisado na quarta-feira 25, ocuparam as galerias do complexo e demonstraram com aplausos, a cada intervenção do Sindicato, o seu apoio à greve nacional dos bancários.
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> Fotos: galeria da paralisação no ITM
O prédio era do Unibanco antes da fusão e abriga um dos maiores call centers do Itaú. “Os bancos, durante as negociações, afirmaram que não são os bancários que lhes propiciam os lucros. Agora, ao parar setores estratégicos, os bancários mostram como são importantes. Pois eles ficam muito incomodados com a paralisação, tanto que vão atrás de interditos proibitórios e de contingenciamento”, disse a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, aos bancários do ITM (foto abaixo).
Houve informações de que funcionários da concentração receberam telefonemas e torpedos para trabalhar em um prédio próximo à estação Bresser do Metrô, na zona leste, e na Rua do Hipódromo, no Brás.
Stress diário – O setor de home banking é um dos mais estressantes da categoria e no qual os trabalhadores mais são submetidos à pressão por vendas. Uma bancária, com oito anos de Itaú, já teve de se afastar por motivos de saúde diversas vezes.
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Ela relata que na época do Unibanco a situação era um pouco melhor, já que a instituição tinha como praxe realocar os trabalhadores que voltavam de licença em funções compatíveis com suas limitações. Agora, o banco tenta de todas as formas encaminhar o trabalhador imediatamente de volta ao teleatendimento. “O licenciado para eles é lixo. Eu não posso realizar atendimento, pois minha pressão sobe e meu intestino fica desregulado. Já fui atendida no ambulatório aqui com minha pressão 19 por 11”, relata.
A funcionária, tal como a maioria dos trabalhadores do ITM, recebe R$ 1.519 mensais. Conta que por diversas vezes sofreu assédio moral em público e que gestores do banco sugerem que ela procure um outro emprego. Atualmente segue tratamento com anti-inflamatório, para LER/Dort, e antidepressivos.
Um outro funcionário, há mais de 20 anos no banco, reclama das parcas possibilidades de ascensão na carreira. “Até hoje o meu salário é o piso. Já tentei algumas vezes me inscrever em concursos internos, mas até me arrependo, pois de nada adianta. A impressão que a gente tem é que não precisa ter esses processos, pois as cartas já estão marcadas. Isso que o banco faz, com essa proposta, é uma humilhação. Se eles fossem justos, nem estaríamos em greve”, explica.
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Renato Godoy – 26/9/2013