São Paulo – Décimo terceiro dia de greve, a Fenaban ainda não apresentou contraproposta que contemple os anseios dos bancários e o Sindicato continua colocando em prática ações que façam os bancos rever seu silêncio. Na terça-feira 1º de outubro, o Bradesco da Rua 12 de outubro, na Lapa, foi interditado e uma sardinhada realizada em frente à entrada principal.
> Fotos: galeria da sardinhada
No mesmo prédio, onde trabalham cerca de 60 funcionários, funciona a administração regional – que gerencia 381 unidades espalhadas por todo estado de São Paulo –, além de um departamento jurídico e uma agência Varejo e outra Prime.
Sendo primeiro dia útil do mês, o movimento era grande, mas a greve não impediu os aposentados e trabalhadores de sacar suas pensões e salários por meio dos caixas eletrônicos. Mesmo com a paralisação, três funcionários ajudavam o grande número de clientes menos familiarizados com as máquinas.
Um deles era o aposentado Alcides Germano de Araújo. “Tem que fazer greve mesmo! Só querem fazer a turma trabalhar, mas dar aumento, nada!”, exclamava, sobre os banqueiros. Outro aposentado concordou. “Era torneiro mecânico e fiz muita greve. Se esperar a boa vontade do patrão, não vão conseguir nada”, disse Nilson Ferreira, com a experiência de 80 anos de vida.
Sardinhada – O direito de greve, no entanto, parece estar ameaçado nos dias de hoje. Na segunda-feira 30, o mesmo Bradesco apresentou interdito proibitório – ação judicial preventiva utilizada para impedir possíveis atos de vandalismo à posse de alguém – para proibir a organização e mobilização dos funcionários.
A sardinhada foi organizada para denunciar a utilização do interdito, bem como a atitude truculenta do banco em acionar a Polícia Militar, como lembrou a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas. “Os banqueiros chamam a polícia e coagem os trabalhadores a abandonar a greve. Têm de saber negociar, se não a greve vai continuar”, afirmou.
Valorização – Uma bancária dava total apoio à paralisação. “A gente se mata de trabalhar para dar esse lucro para o banco e ele oferece esse reajuste sem aumento real? É um desrespeito”, disse.
Outro teve opinião semelhante. “Aumento de 6% é ridículo. Se não tivesse tido lucro, tudo bem, mas o lucro quase dobrou e eles oferecem esse aumento?”, questionou, indignado.
Para outra bancária, o Bradesco tem de investir mais nos trabalhadores. “O banco poderia pagar auxílio educação, para que pudéssemos cursar uma faculdade ou uma pós-graduação, porque assim vamos nos sentir mais valorizados e felizes. E funcionário feliz produz mais e gera mais lucro para o banco e, consequentemente, para nós também. Assim ficamos todos felizes.”
Leia mais
> Mais um dia de greve forte: 29 mil parados
Rodolfo Wrolli - 1º/10/2013
Linha fina
Desrespeito à lei de greve por meio de interditos proibitórios e acionamento da PM geraram protesto
Imagem Destaque