São Paulo – Quem passou pelos Casa (Centro Administrativo Santander) 2 e 3 na manhã desta sexta 4, quando a categoria completa seu 16º dia de greve nacional, teve a sensação de que esses complexos administrativos estavam quase que totalmente abandonados. Destoando do cenário, apenas as comissões de esclarecimento integradas pelos trabalhadores.
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> Fotos: Casa 2 e 3 e agências na zona sul
Os dois complexos reúnem juntos cerca de 4 mil trabalhadores, entre bancários e terceirizados. “Muita gente nem está saindo de suas residências. As pessoas estão aderindo à greve por conta da falta de reconhecimento pelo Santander e da proposta baixa que fizeram”, afirmou um funcionário do Casa 3 (foto à direita), localizado à Avenida Interlagos e que abriga setores como gerência de ocorrência, câmbio, contabilidade, riscos operacionais, entre outros.
Um outro bancário do Casa 3 faz coro à insatisfação dos empregados e exemplifica a forma como o Santander trata os funcionários com deficiência. “Tenho muitos anos de empresa e achei muito legal quando esse pessoal começou a entrar no banco. Só que pelo que percebo não há política voltada a eles. Passam um ou dois anos e depois são demitidos e substituídos por outros. Não entendo porque isso ocorre. Tinha uma funcionária com deficiência visual muito bem preparada que foi dispensada sem mais nem menos. Falta sensibilidade aos gestores do banco para aproveitar melhor esse potencial.”
Não são apenas as pessoas com deficiência que são vítimas de falta de política de valorização e de oportunidades. Uma funcionária terceirizada, também lotada no Casa 3, afirma que chega a desanimar com a ausência de perspectiva. “Eu e meus colegas também queremos ser reconhecidos pelo nosso trabalho. O valor do meu tíquete é de R$ 10. Quem consegue almoçar com essa ‘merreca’? Tanto quanto os bancários, nós também merecemos aumento no salário e no tíquete.”
Casa 2 – Na concentração que abriga os setores de tecnologia do Santander, Isban e Produban (foto à esquerda), a adesão à greve também é grande. “Tenho colegas que foram pressionados a trabalhar remotamente a partir de senha dada pelo banco. Isso não deu certo, pois o sistema caia a cada dois, três minutos. Aí essas mesmas pessoas também pararam”, disse um bancário.
Ele atribui a grande insatisfação dos empregados à forma como o banco é administrado. “É uma colcha de retalhos. Tem uma turma que era do Geral do Comércio, outra do Real, outra do Banespa e assim vai. Para cada um tem tratamento diferente. Não há um plano de cargos uniforme. Então o que fica é pessoa ganhando R$ 2 mil a mais que outra. Mas todos trabalhando lado a lado. Enquanto isso não se resolver, com um plano que beneficie a todos, isso aqui vai continuar sendo um barril de pólvora.”
Para a diretora executiva do Sindicato Rita Berlofa, cabe ao Santander mudar sua forma de gestão no Brasil. “Se os bancários estão fazendo um movimento tão forte é porque não suportam mais esse desrespeito. O Santander, que tem peso grande na mesa geral de negociação da Fenaban, precisa urgentemente mudar de postura e passar a reconhecer o valor dos funcionários que trabalham no Brasil.”
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