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Revolta no Bradesco da Nova Central

Linha fina
Trabalhadores esperam por plano de cargos e salários, auxílio-educação, reajuste com aumento real digno e outros avanços que demonstrem valorização
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São Paulo – Os bancários querem uma nova proposta! O recado estampado na edição desta terça-feira 8 na Folha Bancária, 20º dia de greve da categoria, também é o desejo dos trabalhadores da Nova Central do Bradesco, concentração que fica na República, em São Paulo, que parou mais uma vez.

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“O aumento real deve ser maior. É muito pouco o reajuste que eles oferecem comparando ao lucro do Bradesco”, comentou um bancário que trabalha há dois anos na Nova Central. E para os trabalhadores da concentração do Bradesco, esse aumento real vem com a mobilização cada vez mais forte.

Funcionário do Bradesco há 27 anos, outro trabalhador comemorou as paralisações de funcionários do Bradesco desta terça, que também abrangem o Telebanco Santa Cecília, o prédio do Prime da Paulista e o Núcleo Alphaville. “É a coisa certa para incomodá-los. Isso mexe com o banco”.

“É uma falta de respeito com a categoria. Estamos com muitas concentrações paradas, com mais de 40 mil trabalhadores envolvidos nessas concentrações. A proposta não mexe na PLR do jeito que deveria. Não vamos encerrar a greve se não melhorarem o aumento real e a PLR. Ano a ano a distribuição de riqueza gerada pelo setor bancário fica mais com os acionistas. Não pode ser tão sofrido resolver a campanha dos funcionários”, disse a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, aos bancários da Nova Central (foto à esquerda).

Comida no prato – Há alguns anos, os bancários que reclamavam mais do valor do tíquete eram de regiões como Alphaville, Faria Lima e Avenida Paulista, por conta dos preços altos dos restaurantes dessas regiões. Hoje a realidade é outra. Bancários da região central de São Paulo tentam tirar o peso da balança, comendo menos, mas sentem um peso maior no bolso.

“Eu apoio a movimentação e umas das coisas que torço para melhorar, além do salário, é o valor do tíquete. O valor do meu almoço sempre ultrapassa o valor do auxílio. Com um aumento tão pequeno oferecido na última reunião vou ver os restaurantes também reajustarem o preço da comida, no fim, fica tudo na mesma e a dificuldade continua. Isso não pode acontecer”, protesta um bancário.

Outra trabalhadora sente o mesmo na hora de fazer as compras. Para ela, o valor do auxílio-alimentação é insuficiente. “O auxílio para supermercado me ajuda em, no máximo, 50% na compra do mês. E esse aumento real que não chega nem a 1% eu não sei se é motivo para rir ou chorar”, comenta a funcionária do Bradesco.

Auxílio-educação – Outra demanda que pesa no bolso dos bancários do Bradesco é na área de educação. Ao contrário de algumas instituições financeiras, o banco não contribui com a formação dos trabalhadores, não concedendo auxílio-educação ou outras facilidades. “Mas somos muitos cobrados para fazer pós-graduação, Inglês, só que vou fazer como se ganho o piso?”, questiona uma escriturária que trabalha na Nova Central.

“Auxilio-educação seria um avanço, uma prova de valorização. É muita grana que o Bradesco lucra. A gente sabe que outros bancos fazem isso e seria um investimento para a própria empresa, o que não pesaria financeiramente”, completa um bancário há 27 anos no Bradesco. Para ele, a valorização vai além. “Com todos esses anos de casa e com poucas promoções, o piso não aumenta o suficiente e meu salário vai ficando achatado.”

Descaso – A luta dos bancários da Nova Central também é por um plano de cargos e salários. “É um absurdo isso. Vinte dias de esforço e nada de valorização. Causa revolta. Eu sei que o mercado de trabalho está difícil e ainda tem as terceirizações, mas fica complicado esse descaso”, desabafa uma trabalhadora.

“Claro que a gente se sente desvalorizado. Essa demora por avanços é uma agonia e não só na campanha, mas o tempo todo”, diz uma bancária que é escriturária. “Quando entrei no banco eu já fazia faculdade e tinha bolsa de 50%. Agora, formada, quero fazer pós-graduação e sou cobrada por isso aqui no banco. Aqui eles exigem muito Inglês, mas não tenho como pagar. Preciso ajudar meus pais financeiramente e ganho o piso.”

A trabalhadora reclama que seu departamento é chamado de “chão de fábrica” e que cerca de 300 pessoas ficam em uma sala, sem divisórias, sem muito acesso a informações sobre a instituição financeira. “Ficamos esquecidos na sobreloja. Mesmo com um trabalho que é essencial dentro de um processo do Câmbio, não somos valorizados de nenhuma forma”, ressalta. “Faço a mesma coisa há dois anos. Não existe plano de carreira aqui”, conclui a bancária.

Outra trabalhadora, em 26 anos de banco, teve apenas três promoções. “Estou no mesmo cargo há oito anos. É só cobrança e muita pressão. O banco se esqueceu do principal que é o cliente. As tarifas são absurdas. Não conseguimos dar atenção ao cliente, não tenho autonomia. Hoje, o banco se preocupa apenas com as vendas. Cada vez mais sugam nossa energia, me dá dor de estômago, choro de raiva”, desabafa outra trabalhadora. “É a primeira greve que vejo fechar três vezes essa Nova Central e é isso que vai resolver, é esta luta”.

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Gisele Coutinho – 8/10/13
 

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